A maioria dos jornalistas do Público aprovou uma moção de desconfiança à direção editorial do jornal. Através de voto em urna, 87 dos 100 votantes deram o "sim" à moção de desconfiança. Sete dos eleitores escolheram o "não", e houve ainda cinco votos em branco e um nulo. Os 87 trabalhadores representam 55% de todos os eleitores.
A moção foi apresentada pelo Conselho de Redação (CR) do jornal. "É hoje evidente que a presente equipa diretiva não será capaz de mobilizar a redação para os difíceis desafios que se colocam ao jornal. Convicto de que nenhuma solução motivadora poderá passar pela atual liderança, o CR propõe um voto de desconfiança a esta direção editorial", diz o texto da moção. O CR acusa a direção liderada por Bárbara Reis de ser cúmplice da tentativa de despedimento coletivo em curso no Público e afirma que este, a concretizar-se, "comprometerá irreversivelmente a continuidade do Público como um jornal de referência". O CR argumenta ainda que os líderes do jornal têm, nos últimos anos, afastado o jornal da sua matriz original.
Reestruturação elimina 48 postos de trabalho
A direção anunciou, na semana passada, um processo de reestruturação do jornal em que pretende eliminar 48 postos de trabalho, entre os quais 36 jornalistas. O objetivo alegado é, juntamente com cortes nos custos de financiamento, alcançar poupanças de 3,5 milhões de euros por ano.
A direção editorial, em comunicado aos jornalistas, disse que não existe a figura legal de "moção de desconfiança" e acusou o conselho de redação de ter perdido “a noção dos limites", classificando a votação da moção de provocatória e gratuita. Anunciou ainda que não retirará nenhuma consequência nem fará nenhuma leitura da desconfiança dos jornalistas, afirmando que a retirada de confiança é da "exclusiva responsabilidade do acionista".
Na sexta-feira, 19 de outubro, os trabalhadores do Público fazem greve contra o despedimento coletivo. A paralisação foi decidida em plenário dos trabalhadores como "forma de luta contra a intenção da empresa de proceder ao despedimento coletivo, abrangendo 48 trabalhadores", medida que "o Sindicato de Jornalistas repudiou imediatamente".
Uma petição “em defesa da manutenção da qualidade do jornal Público e dos profissionais que fazem dele um jornal de referência nacional” já conta com mais de 1600 assinaturas. “Apelamos por isso a todos os leitores e leitoras, amigos e amigas do jornal PÚBLICO, defensores da qualidade jornalística e do aprofundamento do sistema democrático, para que assinem esta petição em favor da manutenção da qualidade do jornal, mantendo os profissionais que diariamente fazem dele o jornal que conhecemos”, conclui o texto da petição.