Carta ao Ministro: “Sem Ciência não há futuro”

28 de maio 2012 - 11:21

Mais de 100 investigadores científicos laçaram, na sexta-feira, uma carta aberta ao Ministro Nuno Crato, apelando ao investimento na ciência e exigindo a regularização dos pagamentos das bolsas pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT). Mais de 1700 pessoas já a assinaram. Sobre a abertura de vagas anunciada, consideram “positiva” mas ineficaz para “resolver precariedade” no setor.

PARTILHAR
Este grupo profissional "é a população mais qualificada de sempre e, por comparação, a mais precária", refere a carta aberta, explicando que "nunca os licenciados e doutorados representaram uma percentagem tão elevada dos desempregados".

No documento que dirigiram na sexta-feira ao ministro da Educação e Ciência, intitulado "Sem Ciência não há futuro", 116 bolseiros da FCT e docentes universitários destacam os atrasos no pagamento dos montantes das bolsas de investigação científica, na renovação dos contratos destas bolsas e no reembolso das prestações de Seguro Social Voluntário daquela entidade.



Os signatários pedem medidas para resolver estas questões, mas também uma política de incentivos para a criação de um mercado de trabalho que absorva esta mão-de-obra "altamente qualificada", por considerarem que a aposta na Ciência é "uma das soluções mais eficazes para a saída da crise" económica.



Os investigadores clamam por medidas urgentes para uma situação que "pode inviabilizar" a produção científica.



Na carta aberta é realçado que os bolseiros de investigação são jovens recém-licenciados, mas também investigadores "altamente experientes de pós doutoramento" e vivem com contratos de bolsa de três, seis ou 12 meses, "não progridem na carreira (que não existe), não têm direito a contrato de trabalho e os seus vencimentos não são atualizados há mais de 10 anos".



Este grupo profissional "é a população mais qualificada de sempre e, por comparação, a mais precária", refere o documento, explicando que "nunca os licenciados e doutorados representaram uma percentagem tão elevada dos desempregados".



Entre os promotores da carta aberta estão a Comissão de Bolseiros da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, a Associação de Bolseiros de Investigação e Ciência (ABIC), o Núcleo de Bolseiros da Universidade de Aveiro e os Precários Inflexíveis.



A carta pode ser subscrita por todas as pessoas, sejam investigadoras ou não, e está disponível aqui. Mais de 1700 pessoas já a assinaram.



Mais vagas para investigadores é “positivo”, mas são também mais contratos precários



A secretária de Estado da Ciência, Leonor Parreira, anunciou este sábado à noite, na Figueira da Foz, que no próximo ano serão abertas 200 a 300 vagas para investigadores da FCT.



A governante adiantou que o Ministério da Educação e da Ciência prevê abrir concursos anuais para investigadores FCT, de modo a conseguir "manter no sistema científico e tecnológico 1000 a 1200 investigadores".



"Claro que é uma boa notícia, mas eu penso que essas 200 ou 300 vagas só vão prolongar a situação dos investigadores de ciência dos últimos anos", considerou Ana Bastos, da Comissão de Bolseiros da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, uma das entidades que assina a carta aberta ao ministro da Educação.



Ana Bastos salientou que nos últimos anos foram abertas vagas para os chamados investigadores de ciência, que são contratos plurianuais, e que permitem alguma segurança aos investigadores.



"No entanto, não deixam de ser contratos temporários", destacou.

 

Termos relacionados: Sociedade