"Governo está a passar aos portugueses a fatura do seu buraco colossal"

03 de outubro 2012 - 17:31

Aumento brutal de impostos traduz-se no corte de dois salários aos funcionários públicos e pensionistas e um aos trabalhadores do privado. Bloco de Esquerda diz que o Governo falhou nas contas deste ano e não aprende com os seus erros. "Sai reforçada a nossa intenção de censurar o Governo", afirmou Pedro Filipe Soares.

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Foto Tiago Petinga/Lusa

As medidas anunciadas por Vítor Gaspar vão custar tanto ou mais aos contribuintes do que a falhada subida da Taxa Social Única, que o Governo abandonou após ter sido rejeitada por trabalhadores e patrões. Com a sobretaxa do IRS e os novos escalões deste imposto, a taxa média de IRS é agravada em cerca de 35%.



Este aumento brutal de impostos significa que funcionários públicos e pensionistas perdem os subsídios de férias e Natal e quem trabalha no setor privado perderá o valor aproximado de um subsídio.



Na proposta anunciada pelo Ministro das Finanças, são eliminados três escalões no IRS, passando a existir cinco escalões em 2013, cujos limites ainda não são conhecidos. "Para além do reescalonamento do IRS, será ainda introduzida uma sobretaxa de 4% por cento sobre os rendimentos auferidos no ano de 2013. Esta taxa será aplicada nos moldes idênticos a 2011", declarou Vítor Gaspar na conferência de imprensa, admitindo que se trata de um aumento "enorme" de impostos.



Na reação às palavras do ministro, o deputado bloquista Pedro Filipe Soares acusa ao Governo de "hipocrisia política e mentira" ao "dizer que se devolve um subsídio aos funcionários públicos quando na prática se retiram dois subsídios pelo IRS aos funcionários públicos e um aos privados demonstra que o Governo não está a assumir a responsabilidade pelas suas próprias medidas e não está a falar verdade ao país".  



"O Governo criou um buraco colossal nas contas públicas e agora através de um enorme aumento de impostos, como disse o Ministro das Finanças, está a passar a fatura aos portugueses", acrescentou Pedro Filipe Soares.



Sobre a hipótese dos deputados recorrerem ao Tribunal Constitucional, o bloquista afirmou que "todas as hipóteses estão em cima da mesa", já que o TC "Estas medidas eram inconstitucionais porque o capital não estava a ser taxado e o Governo insiste no erro do passado: ouvimos hoje medidas concretas para atacar aos salários das famílias e o Governo nada disse sobre os impostos do capital", lembrou o deputado.



"Lutaremos sempre para que não cortem os salários e as pensões dos portugueses", declarou Pedro Filipe Soares, concluindo que "a realidade demonstra que a nossa moção de censura estava certa e sai reforçada a nossa intenção de censurar o Governo".



"O Governo está zangado com os portugueses, como se fosse deles a culpa do desemprego estar a crescer. Atira as culpas para a sociedade daquelas que são as suas responsabilidades e não aprende com os erros que cometeu", declarou ainda o deputado do Bloco.

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