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A Grécia espera receber já em Junho um novo empréstimo de 60 mil milhões de euros para poder responder aos seus compromissos financeiros até 2013, informa o Wall Street Journal, citando fonte do governo grego com acesso às negociações entre Atenas, a União Europeia e o FMI. A notícia foi desmentida pelo governo grego, mas o desmentido é pouco credível. Já fora desmentida a realização de uma reunião secreta na sexta-feira para debater o agravamento da crise grega, mas hoje sabe-se que a reunião existiu realmente, foi no Luxemburgo, e reuniu os ministros das Finanças da Alemanha e da França, o presidente do Eurogrupo, o comissário europeu de assuntos económicos e financeiros e o presidente do Banco Central Europeu.
Há um ano, a Grécia foi alvo do primeiro plano de resgate que envolveu 110 mil milhões de euros, repartidos entre o FMI e a União Europeia. Em troca, o governo de Atenas comprometeu-se a aplicar um violentíssimo plano de austeridade. Um ano depois, porém, o défice orçamental não só não está a ser reduzido na proporção esperada, como foi superior em 2010 face ao previsto (10,5 % do PIB em vez de 9,4%). Com o país mergulhado numa recessão que atingiu uma queda do PIB de 4,3%, não se geram receitas fiscais suficientes para responder aos compromissos financeiros, muito menos para reduzir a dívida, que representa mais do que 150% do PIB.
O novo empréstimo, diz o Wall Street Journal, iria cobrir as necessidades da Grécia de 27 mil milhões de euros em 2012 e de 32 mil milhões em 2013.
A mesma fonte do governo grego citada pelo WSJ reconheceu que o governo alemão terá muita dificuldade para aceitar um novo empréstimo, preferindo estender o vencimento dos títulos de 2012 para 2013. Também o ministro das Finanças britânico já disse que o seu governo não está disposto a contribuir para um novo empréstimo.
Haja um novo empréstimo ou a reestruturação da dívida, o que parece, porém, inevitável é que sejam tomadas novas medidas para evitar que a Grécia se veja forçada a suspender os pagamentos da dívida, diante do fracasso completo do plano de resgate implementado há um ano.
Wolfgang Münchau, analista do Financial Times, considera num artigo desta terça-feira que o frenesi de actividade diplomática em torno da Grécia tem um motivo: começam a faltar alternativas para resolver a nova crise da dívida grega. “Há objecções válidas para cada proposta”, afirma, apontando que a saída do Euro seria muito arriscada, a redução da dívida, com perdas para os credores, liquidaria o sistema bancário grego e provocaria perdas de 100 mil milhões ao BCE, e a reestruturação dificilmente levará o valor da dívida a um nível sustentável.
Wolfgang Münchau observa que o problema não é o tamanho da dívida soberana dos países periféricos, que é pequeno, se comparado com o PIB da UE, e mesmo com um rácio inferior a dívidas de países como o Reino Unido, os EUA ou o Japão. “O problema é que a eurozona é politicamente incapaz de lidar com a crise que se tornou contagiosa e tem o poder de causar grandes danos colaterais.”