RTP: Administração demite-se, CT pede saída de Relvas

01 de setembro 2012 - 0:03

Sai o conselho liderado por Guilherme Costa, trabalhadores defendem administração eleita pelo Parlamento e a demissão de Relvas. Para o Bloco de Esquerda, o governo está a ser cobarde por não assumir claramente qual é o seu plano para a RTP.

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Uma das decisões do plenário da RTP foi a defesa de que a administração seja eleita pela AR

O Conselho de Administração da RTP, liderado por Guilherme Costa, pediu a demissão, que foi aceite por Miguel Relvas, o ministro da tutela. A decisão ocorre depois de a administração ter-se oposto publicamente à proposta de concessão do serviço público de televisão e rádio a um privado, que continuaria a receber a taxa de audiovisual, paga pelos portugueses.

Em nota divulgada na segunda-feira, o conselho de administração considerara “descabido” a divulgação pública de “opiniões favoráveis a um dos cenários ainda em análise”, adiantando que “manifestou, em tempo oportuno, a sua discordância” relativamente a este cenário.

Comissão de Trabalhadores: Relvas devia demitir-se também

Em comunicado divulgado logo em seguida, a Comissão de Trabalhadores lembra que “são públicas e notórias as críticas” que tem quanto à equipa de Guilherme Costa. “Não seremos nós a lamentar a sua partida”. Mas afirma que Relvas, depois da viagem que fez a Timor, “fora do alcance de perguntas incómodas”, quer voltar a mandar na RTP. “Mas é precisamente isso que não pode acontecer: ele próprio deveria demitir-se também.”

A comissão defende a posição adotada no plenário de trabalhadores, que a próxima administração seja eleita pela Assembleia da República. “Basta de governamentalização da RTP, em qualquer momento”, diz a CT. “Não queremos um CA de marionetas de Relvas, ou presidido por um homem de mão de Relvas. Tal como o plenário reclamou, por amplo consenso, a nomeação do novo CA deve ser objeto da decisão plural do parlamento e não do diktat unipessoal de um ministro desacreditado, sob a inspiração de intrigas das secretas”, defende.

Bloco de Esquerda diz que o governo está a ser cobarde

Para a deputada Catarina Martins, do Bloco, “o sinal está dado, a demissão da administração no dia em que Miguel Relvas chega de Timor diz tudo, o governo esconde-se atrás de António Borges e trata o assunto como se fosse secundário, mas não é”, disse. Catarina Martins acusou o governo de estar “a ser cobarde e a esconder-se. E não pode esconder-se atrás de um funcionário, de um consultor que não é ministro”, afirmou, desafiando o executivo a assumir claramente qual o seu plano para a RTP.