Terça-feira, o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, recebeu o vice-primeiro-ministro e ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, Avigdor Liberman. Quarta-feira será a vez de Sócrates receber este líder do partido da extrema-direita Ysrael Beitenu.
O governo do partido socialista acolhe no nosso país, com pompa e circunstância, e com direito a jantares pagos pelos contribuintes, o político cujas opiniões são consideradas como de “linha dura” mesmo para os padrões israelitas.
O ex-segurança de discoteca nascido na Moldávia, que imigrou para Israel há 31 anos, é amplamente conhecido pelas suas declarações xenófobas, instigadoras de ódio e violência, e por ser o defensor mais convicto da causa dos colonos.
Liberman, que é acusado pelas autoridades israelitas de "fraude, com circunstâncias agravantes, obstrução da justiça, abuso de confiança, pressão sobre testemunhas e lavagem de dinheiro", é o autor, entre outras, da proposta que visa exigir aos israelitas que prestem juramento de lealdade a Israel como um Estado judeu, e que prevê que lhes seja retirada a cidadania caso os mesmos não aceitem estas condições. Na campanha promovida por este líder da extrema-direita, com o slogan "sem lealdade, não há cidadania", é feita a apologia a um Estado que não é apenas judaico na natureza, mas também judaico na composição, e é defendido o conceito de "transferência de população" - aquele em que todos os palestinianos, ou mesmo todos os não-judeus, são expulsos da Cisjordânia.
O ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel é também sobejamente conhecido pelas suas declarações. Avigdor Liberman chegou a sugerir que os deputados árabes do parlamento israelita fossem julgados por traição e executados, assim como defendeu que os prisioneiros palestinianos deveriam ser enviados para o Mar Morto e afogados.
Liberman encara a “reivindicação de um Estado palestino e o direito dos refugiados de retorno” como “uma desculpa para a tentativa do Islão radical destruir o Estado de Israel."
Comité de Solidariedade com a Palestina repudia visita de Avigdor Lieberman
Em comunicado de imprensa, o Comité de Solidariedade com a Palestina repudiou a visita de Avigdor Lieberman, defendendo que “está a ser recebido em Lisboa um criminoso da guerra suja da Mossad e um falsário internacional de grande calibre” e defende que “raia a provocação que o Governo de Portugal e, nomeadamente, o Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal recebam esta visita depois de o Estado português ter condenado os crimes de guerra israelitas contra a Faixa de Gaza por ocasião da votação do relatório Goldstone e sabendo-se que Israel prossegue a sua política colonialista de apartheid e de ocupação da Palestina”.
Apesar do Governo Civil de Lisboa ter proibido a manifestação de protesto contra a visita de Avigdor Liberman, várias organizações e personalidades, entre as quais o Comité de Solidariedade com a Palestina, irão concentrar-se, esta quarta-feira, à frente da Assembleia da República, pelas 17h30m.
Bloco propõe reconhecimento do Estado da Palestina
O deputado José Manuel Pureza criticou a vinda a Portugal do ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, Avigdor Liberman. “Nós não ficamos indiferentes a esta visita e queremos expressar publicamente a nossa crítica veemente às posições que são defendidas por este homem, trata-se de alguém que pertence aos setores mais extremistas do ponto de vista do conservadorismo político e do extremismo religioso de Israel e que tem defendido uma política de segregação das populações palestinianas”, afirmou publicamente o lider parlamentar do Bloco de Esquerda.
O deputado apresentou ainda a iniciativa do Bloco de Esquerda que recomenda que Portugal reconheça o Estado Palestiniano nas fronteiras anteriores à Guerra dos Seis Dias de 1967, juntando-se assim a mais de uma centena de países, 7 dos quais membros da União Europeia.
Considerando este um importante contributo para o processo de paz no Médio Oriente e para uma solução assente em dois estados em convivência pacífica e segurança, e considerando ainda que o Parlamento não pode deixar de debater esta questão, o Bloco já agendou para discussão no plenário da Assembleia da República do próximo dia 10 de fevereiro este mesmo projecto de resolução.