Movimentos sociais

67 organizações portuguesas lançam carta contra a militarização

30 de abril 2025 - 15:13

Movimentos sociais recusam o alegado consenso “fabricado sem qualquer debate público real a nível nacional“ para sacrificar políticas sociais em nome do rearmamento militar.

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lançamnto de drone pelas tropas alemãs em exercício da NATO
Lançamnto de drone pelas tropas alemãs em exercício da NATO. Foto NATO/Flickr

Foi lançada esta quarta-feira a carta aberta “Não às políticas de securitização, de militarização e de guerra”. Esta é subscrita por 67 organizações e movimentos sociais presentes em Portugal de áreas como o antirracismo, o antifascismo, as lutas laborais, o feminismo, os direitos dos imigrantes e requerentes de asilo, o anti-imperialismo, o movimento estudantil, a luta das periferias e a luta pela justiça climática e os direitos LGBTQI+.

Os promotores explicam que a iniciativa surgiu da preocupação com “o quase consenso partilhado” que é “fabricado sem qualquer debate público real a nível nacional, mas também europeu, sobre um caminho de investimento público centrado na projetada inevitabilidade de um conflito militar que propõe, sem o dizer claramente, um sacrifício das já depauperadas políticas sociais existentes”.

Contra estas políticas que ao mesmo tempo “alimentam as divisões sociais e o medo” e se alimentam destes, exigem “descolonização, justiça social, paz, solidariedade e mais Estado Social para todas, pelo bem-estar dos povos e da nossa casa comum, o planeta”.

Caminho de confrontação de UE reflete “processo de progressiva fascização

O documento analisa o Livro Branco sobre a Defesa Europeia e o plano ReArm Europe/Prontidão 2030, considerando que usa “um vocabulário determinista sobre ameaças externas a uma fronteira europeia cada vez mais hermética e sobre uma estratégia de conquista da “paz pela força”.” Face a ele manifesta-se a “total recusa e repúdio pelo caminho da guerra que está a ser seguido pela UE e por todos os blocos políticos e militares”.

Lembram-se os discursos de que não havia “dinheiro para salários, pensões, educação, saúde, etc.” de quem hoje o dispõe para armamento, “contornando rapidamente as regras orçamentais e os tratados antes tidos como “sagrados”, ou implementando alterações constitucionais, como no caso alemão” e as “reformas estruturais que introduziram para transferirem quantidades exorbitantes do trabalho para o capital”. Recordando-se ainda o apoio da União Europeia a “um estado colonial de ocupação e apartheid como é Israel” que revela que “está muitíssimo pouco preocupada com o direito internacional, com a paz, com a liberdade e com o bem estar dos povos”.

Para estas organizações, “o caminho de confrontação escolhido pela UE” é reflexo de “um processo de progressiva fascização à escala nacional e também de deterioração democrática à escala comunitária”. E está está presente quer “no crescente encerramento das suas fronteiras para migrantes e requerentes de asilo que são deixados a morrer enquanto fogem a contextos marcados pela morte e pela miséria” quer nos “discursos que constroem uma ameaça em cada esquina” que facilitam “uma gestão social cada vez mais baseada em políticas securitárias que põem em causa as liberdades fundamentais de todas as pessoas”.

Portanto, recusam “o ataque ao estado social” para se cumprirem “as exigências do “patrão” estadunidense e para alimentarem os monopólios do setor financeiro, do complexo militar-industrial e das Big Tech”.

Quem subscreve

SUBSCRITO POR:

1. Academia Cidadã

2. AfroPsis

3. Associação AfriCandé

4. Associação Diásporas

5. Associação monte da amOrada

6. Associação Olho Vivo

7. Associação P de Potência

8. Associação Saúde das Mães Negras e Racializadas em Portugal - SaMaNe

9. Associação TransParadise

10. Aveiro Feminista

11. Braga Fora do Armário

12. Casa do Brasil de Lisboa

13. CCC – Círculo de Cultura Cigana

14. Chão das Lutas Braga

15. Chaves Comunitária

16. CIVITAS Braga – Associação para a Defesa e Promoção dos Direitos dos Cidadãos

17. Climáximo

18. Coletivo Andorinha

19. Coletivo de Estudantes pela Palestina UMinho

20. Coletivo Dôia Sequeira

21. Coletivo Feminista de Sintra

22. Coletivo pela Libertação da Palestina

23. Comissão Organizadora da Marcha LGBTQIAP+ de Santo Tirso

24. Comissão Organizadora da Marcha LGBTQIAP+ de V. N. de Famalicão

25. Coop99 – Cooperativa Integral do Porto

26. DJASS | Associação de Afrodescendentes

27. Estudantes por Justiça na Palestina – CES

28. Estudantes por Justiça na Palestina – FCSH

29. Famalicão Com Teto – Movimento pelo Direito à Habitação

30. Frente Anti-Racista

31. GARA – Grupo de Ação Revolucionária Antifascista

32. GERNIKA_art – LIGA_internacionalista de comunicação

33. Greve Climática Estudantil

34. GUIAR – Grupo Unitário de Intervenção Anti-Racista e pelos Direitos Humanos

35. Guimarães LGBTQIA+

36. Guimarães pela Liberdade

37. Guimarães pela Palestina

38. Headbangers Antifascistas

39. HeForShe Coimbra

40. HeForShe Universidade do Minho

41. HuBB – Humans Before Borders

42. Humanamente – Movimento Pela Defesa dos Direitos Humanos

43. Iniciativa dos Comuns

44. Kilombo – Plataforma de Intervenção Anti-racista

45. Lado Negro da Força

46. Letras Nómadas – Associação de Investigação e Dinamização das Comunidades

Ciganas

47. Movimento Virgínia Moura

48. Núcleo Antifascista de Barcelos

49. Núcleo Antifascista de Bragança

50. Núcleo Antifascista de Guimarães

51. Núcleo Antifascista do Porto

52. Núcleo de Imigrantes das Belas Artes – NIBA

53. OVO PT | Observatório de Violência Obstétrica de Portugal

54. Parents For Peace

55. Plataforma Artigo 65.o

56. Plataforma Geni

57. Plataforma Já Marchavas

58. Refugees Welcome Portugal (On The Road – Associação Humanitária)

59. Rede 8 de Março

60. Ribaltambição – Associação para a Igualdade de Género nas Comunidades Ciganas

61. Saber Compreender

62. Sindicato dos Trabalhadores de Call Center

63. SintraFriendly – Colectivo Juvenil LGBTIQA+ de Sintra e Apoiantes

64. SOS Racismo

65. UMAR – União de Mulheres: Alternativa e Resposta

66. Vida Justa

67. XR Portugal