Crianças com suspeita de autismo e hiperatividade sem consulta no Amadora-Sintra

23 de maio 2025 - 12:25

As consultas iniciais para diagnóstico de perturbações do neurodesenvolvimento neste hospital não estão a decorrer por falta de pediatras, fazendo com que o seu processo clínico não avance e travando o acesso a apoios.

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Hospital Amadora-Sintra
Hospital Amadora-Sintra. Fonte ULS Amadora-Sintra.

A falta de pediatras no Amadora-Sintra está a deixar crianças com suspeita de sofrerem de perturbações do neurodesenvolvimento, como autismo ou hiperatividade, sem as consultas iniciais de diagnóstico, fundamentais para o processo clínico avance e tenham a resposta a que têm direito no Serviço Nacional de Saúde e tenham acesso a apoios.

A informação foi dada esta sexta-feira no Diário de Notícias que cita “fontes da própria Unidade de Local de Saúde” que consideram ser “uma situação grave” porque as crianças “cujos pais não têm qualquer possibilidade económica de as poder levar para o setor privado, estão condenadas a não ter um diagnóstico e a não poderem iniciar qualquer terapia.”

Acrescenta-se que os pedidos de consulta para os hospitais São Francisco Xavier e Santa Maria também estão a ser negados “por a residências das crianças não pertencer às suas áreas”, apesar de na Constituição e no Estatuto do SNS constar que o utente tem direito a escolher o local onde quer ser tratado.

No início do ano terão saído dois dois pediatras da Consulta de Desenvolvimento, ficou só um e os critérios de acesso “foram limitados às crianças com menos de seis anos e às situações graves na adolescência”. Para além de vários pedidos estarem a ser negados ao abrigo dos novos critérios, também há crianças que já tinham sido referenciadas antes que ainda não receberam resposta para a marcação de consulta, indica a mesma fonte.

A administração da Unidade Local de Saúde Amadora-Sintra confirmou àquele jornal a situação, apesar de não se adiantar quantas crianças estarão a ver negadas estas consultas. Informa-se apenas que os médicos que saíram cuidavam de perto de 800 crianças e que anualmente são referenciadas cerca de mais 9000.

Ainda antes dos critérios terem sido apertados, já os tempos de espera eram escandalosos. Uma consulta de diagnóstico demorava “cerca de três a quatro meses” mas no ano passado a espera passou “para cerca de 12 meses”. Agora, admite a ULS, “existe uma lista de espera com um tempo estimado de 14 meses para a primeira consulta”.