Ainda não foi esta quarta-feira que a Trust in News, empresa dona de várias revistas, como a Visão, Caras ou Exame, conheceu o seu destino. A liquidação era uma das propostas em cima da mesa da assembleia de credores realizada no tribunal de Sintra, mas ela foi suspensa por 30 dias com os votos da Autoridade Tributária e a Segurança Social, os dois maiores credores da empresa até há poucos meses liderada por Luís Delgado, que terá agora oportunidade de apresentar o seu plano de insolvência, a par de outros que entretanto sejam propostos pelos maiores credores ou pelo administrador de insolvência.
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Luís Delgado, o comissário político que levou mais um grupo de imprensa à falência
porLuís Branco
Segundo relata o jornal Expresso, houve outros grandes credores, como os CTT e a Vodafone, a manifestarem oposição à liquidação imediata da massa insolvente da empresa, que está sob administração judicial após o afastamento de Delgado. O grupo Impresa, que é o maior credor privado e foi quem vendeu os títulos a Luís Delgado, libertando-se assim de um grande passivo em tempo de crise, absteve-se. O Novo Banco e a maioria dos trabalhadores opuseram-se à continuidade da empresa.
Do plenário de trabalhadores realizado na segunda-feira saiu a proposta de que fossem vendidos alguns títulos do grupo, o que permitia manter alguns títulos a funcionar, preservando postos de trabalho e permitindo ressarcir os credores ao longo do tempo. “Os trabalhadores não têm confiança na administração”, disse Rui Ferreira, representante da Comissão de Trabalhadores, citado pela agência Lusa durante a assembleia de credores, sublinhando que continuam a trabalhar com o “equivalente a seis salários em falta”.
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Jornalistas dizem que o plano de Delgado vem tarde demais para salvar o grupo
Com a decisão desta assembleia de credores, Luís Delgado poderá apresentar o plano que divulgou no final de dezembro. Mas entretanto deixou outra promessa por cumprir: a de que injetaria pelo menos 300 mil euros na empresa até à assembleia desta quarta-feira, permitindo assim pagar os salários de dezembro e os impostos, que já contam como dívida da massa insolvente.
Ainda segundo o Expresso, a assembleia de credores decidiu também que a gestão da empresa não voltará para as mãos de Luís Delgado, mantendo-se o atual administrador judicial à frente por mais cinco dias. Para continuar para além dessa data, exige o pagamento de oito mil euros mensais e a escusa de responsabilidade.