Cerca de 200 alunos de Angola e de São Tomé e Príncipe estão a ser afetados pela forma como a Escola Profissional de Economia Social (EPES), no Porto, tem escolhido gerir a sua situação. A mais recente tensão deve-se ao aumento de 105 euros na mensalidade.
O agravamento da mensalidade de 200 para 305 euros significa que os estudantes ficam com 6,5 euros por dia para todos os outros gastos, incluindo refeições. A par deste aumento, os alunos denunciaram a sobrelotação dos alojamentos, os atrasos na entrega das bolsas de estudo, das quais dependem, e acusam a direção de racismo.
Segundo denúncias feitas à Lusa, vários estudantes viviam em apartamentos sobrelotados. “Um T3 para 14 pessoas, só havia uma casa de banho”, disse um estudante são-tomense à agência. Outra estudante relata que no dormitório da EPES viveu com mais 35 raparigas e tinha apenas direito a uma cama num beliche e a um armário. O dormitório foi desmantelado depois de visitas da Inspeção de Saúde, segundo avança o Jornal de Notícias.
Paulo Pinhal, diretor da EPES, admitiu falta de condições em “algumas casas”, sobretudo falta de espaço de estudo e problemas de humidade, alegando que o aumento da mensalidade servirá, em parte, para trazer melhorias.
Em relação à acusação de racismo, um estudante explica que “uma vez disseram-nos que só por sermos negros e termos um sinal na cara já somos discriminados" e que a frase veio da "boca de um diretor da escola".
O ministério da Educação, Ciência e Inovação confirma ter conhecimento das denúncias contra a EPES desde outubro, sendo que a Inspeção-Geral da Educação e Ciência determinou a realização de averiguações e de uma Auditoria de Controle Financeiro.
Com o atraso das bolsas, há relatos de estudantes que ficam sem comer. Paulo Pinhal disse à Lusa que as bolsas de dezembro vão ser processadas para serem pagas em “meados de janeiro”, mas os problemas mantêm-se. Uma estudante explica que ficou dois meses sem receber a bolsa devido aos atrasos. Segundo o Jornal de Notícias, a embaixa de Angola irá averiguar os atrasos nos subsídios.
Os estudantes têm contado com a ajuda da associação Porto Solidário. Teresa Ponte, a presidente da associação, relata que os estudantes pedem “alimentos, porque chegam a passar fome”, e confirma que muitos vivem “amontoados em apartamentos T3 com 14 pessoas”.