Boicote

Maersk deixa de trabalhar para empresas ligadas aos colonatos israelitas

27 de junho 2025 - 10:17

Gigante do transporte marítimo de mercadorias foi alvo de uma campanha liderada por organizações palestinianas. Um dos barcos suspeito de transportar material militar para Israel foi recebido em Lisboa com protestos em novembro.

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Contentor da Maersk em Beit Hagai, um colonato ilegal na Cisjordânia. julho de 2024.
Contentor da Maersk em Beit Hagai, um colonato ilegal na Cisjordânia. julho de 2024.. Foto: Campanha Mask Off Maersk

A empresa dinamarquesa Maersk, uma das maiores empresas mundiais de transporte marítimo, anunciou o fim das relações com empresas ligadas aos colonatos israelitas nos territórios ocupados na Palestina. A Maersk esteve na mira dos ativistas pró-palestinianos por participar no transporte de material militar dos EUA para Israel, utilizando portos marroquinos e espanhóis no trânsito dessa carga. E tudo indica que irá continuar a fazê-lo: ainda este mês, justificou em comunicado o transporte de peças do avião F-35 para Israel, alegando que este país é um dos 16 que integram o programa de fabrico dos caças, no âmbito de acordos com os EUA.

Na prática, a novidade transmitida agora pela empresa é que irá “reforçar ainda mais” os procedimentos de rastreio em relação aos colonatos israelitas, “incluindo o alinhamento do nosso processo de rastreio com a base de dados do Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU sobre empresas envolvidas em actividades nos colonatos”. Esta base de dados não é atualizada desde 2023 e inclui 98 empresas.

A campanha Mask Off Maersk (Desmascarar a Maersk), animada pelo Palestinian Youth Movement (PYM) e a Progressive Internacional, reagiu com agrado à notícia. “Esta medida envia uma mensagem clara ao setor do transporte marítimo em todo o mundo: A adesão ao direito internacional e aos direitos humanos fundamentais não é facultativa. Manter relações comerciais com os colonatos ilegais israelitas já não é aceitável e o mundo está atento para ver quem se segue” nesta iniciativa, afirmou a ativista Aisha Nizar, citada no comunicado da campanha.

A equipa de investigação do PYM confirmou que desde janeiro, quando a campanha divulgou o seu relatório sobre a cumplicidade da empresa com a economia dos colonatos ilegais, a Maersk começou a deixar de transportar mercadorias de empresas que estão naquela base de dados da ONU e cuja atividade se estende aos setores da construção e demolições, vigilância, serviços financeiros e infraestruturas de transporte.

Esta vitória não irá travar a campanha para desmascarar a Maersk, garantem os ativistas. “À medida que Israel intensifica a sua agressão militar em toda a região, a Maersk continua a lucrar com o genocídio do nosso povo - enviando regularmente componentes do F-35 utilizados para bombardear e massacrar os palestinianos”, acrescentou Aisha, prometendo que a campanha vai prosseguir “até que a Maersk corte todos os laços com o genocídio e acabe com o transporte de armas e componentes de armas para Israel”.

Os navios da Maersk com material militar com destino a Israel têm sido alvo de protestos em alguns países por onde passam. Foi também o caso de Portugal em novembro passado, com o navio Nysted Maersk a ser recebido por ativistas no porto de Lisboa, de onde partiu a caminho de Tânger e terá ali carregado, também sob protestos, material militar com destino ao exército sionista.