A empresa dinamarquesa Maersk, uma das maiores empresas mundiais de transporte marítimo, anunciou o fim das relações com empresas ligadas aos colonatos israelitas nos territórios ocupados na Palestina. A Maersk esteve na mira dos ativistas pró-palestinianos por participar no transporte de material militar dos EUA para Israel, utilizando portos marroquinos e espanhóis no trânsito dessa carga. E tudo indica que irá continuar a fazê-lo: ainda este mês, justificou em comunicado o transporte de peças do avião F-35 para Israel, alegando que este país é um dos 16 que integram o programa de fabrico dos caças, no âmbito de acordos com os EUA.
Na prática, a novidade transmitida agora pela empresa é que irá “reforçar ainda mais” os procedimentos de rastreio em relação aos colonatos israelitas, “incluindo o alinhamento do nosso processo de rastreio com a base de dados do Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU sobre empresas envolvidas em actividades nos colonatos”. Esta base de dados não é atualizada desde 2023 e inclui 98 empresas.
A campanha Mask Off Maersk (Desmascarar a Maersk), animada pelo Palestinian Youth Movement (PYM) e a Progressive Internacional, reagiu com agrado à notícia. “Esta medida envia uma mensagem clara ao setor do transporte marítimo em todo o mundo: A adesão ao direito internacional e aos direitos humanos fundamentais não é facultativa. Manter relações comerciais com os colonatos ilegais israelitas já não é aceitável e o mundo está atento para ver quem se segue” nesta iniciativa, afirmou a ativista Aisha Nizar, citada no comunicado da campanha.
A equipa de investigação do PYM confirmou que desde janeiro, quando a campanha divulgou o seu relatório sobre a cumplicidade da empresa com a economia dos colonatos ilegais, a Maersk começou a deixar de transportar mercadorias de empresas que estão naquela base de dados da ONU e cuja atividade se estende aos setores da construção e demolições, vigilância, serviços financeiros e infraestruturas de transporte.
Esta vitória não irá travar a campanha para desmascarar a Maersk, garantem os ativistas. “À medida que Israel intensifica a sua agressão militar em toda a região, a Maersk continua a lucrar com o genocídio do nosso povo - enviando regularmente componentes do F-35 utilizados para bombardear e massacrar os palestinianos”, acrescentou Aisha, prometendo que a campanha vai prosseguir “até que a Maersk corte todos os laços com o genocídio e acabe com o transporte de armas e componentes de armas para Israel”.
Os navios da Maersk com material militar com destino a Israel têm sido alvo de protestos em alguns países por onde passam. Foi também o caso de Portugal em novembro passado, com o navio Nysted Maersk a ser recebido por ativistas no porto de Lisboa, de onde partiu a caminho de Tânger e terá ali carregado, também sob protestos, material militar com destino ao exército sionista.