"Hotel outra vez, e eu sem casa ao fim do mês" e "eu quero teto, eu quero chão e o direito à habitação" foram algumas das palavras que ordem que se ouviram na Baixa de Lisboa numa tarde de sábado marcada pelo intenso calor. Isso não demoveu os cerca de mil manifestantes que voltaram às ruas pela primeira vez desde as eleições legislativas para exigir medidas concretas que travem os recordes consecutivos de aumento do preço das casas em Portugal.
Para Alessandra Guedes, do coletivo 1.° Esquerdo e uma das organizadoras do protesto, o tempo passa, a situação agrava-se e “não vemos nenhuma medida concreta a ser feita” por parte dos decisores políticos.
“Acreditamos que a habitação deveria ser usada para a população e não para especulação imobiliária, não para o sistema hoteleiro e os alojamentos locais. Criámos um caderno reivindicativo que cumpre essas necessidades e que pensa mais na população que mais precisa ao invés de pensar nos interesses do mercado imobiliário e especulativos”, afirmou a ativista ao Esquerda.net durante esta manifestação que partiu do Largo Camões me direção ao arco da Rua Augusta.
Além desta manifestação em Lisboa, realizaram-se também concentrações e marchas em Aveiro, Braga, Coimbra, Covilhã, Elvas, Faro, Portimão e Setúbal. No domingo é a vez do Porto, com partida da Praça da Batalha às 14h30.

Mariana Mortágua insiste em aplicar tetos às rendas, como já recomenda a Comissão Europeia
A coordenadora bloquista esteve presente na manifestação e disse que a crise da habitação é hoje “a causa maior do empobrecimento” no país, “uma emergência nacional” à qual é preciso “reagir à altura”. Mas da parte do Governo e dos partidos da direita, “aos quais o PS também se junta, não vemos nenhuma medida corajosa para baixar os preços da habitação”, apontou.
“As promessas vão-se multiplicando mas não chegam a tempo das vidas de quem agora não tem uma casa”, prosseguiu Mariana, referindo-se às “gerações que ou têm a sorte de herdar uma casa ou ficam excluídas do direito à habitação”.
O Bloco insiste que a medida urgente mais necessária é a que permite “baixar as rendas, pôr tetos às rendas, limites máximos como recomenda a Comissão Europeia”. Mas além disso é preciso também “falar sobre o excesso de turismo e de alojamento local, falar das casas vazias, do património devoluto do Estado e das Câmaras Municipais”, acrescentou.