Segurança

Ministra sabia do capítulo sobre extrema-direita apagado do RASI

21 de abril 2025 - 15:37

Margarida Blasco esteve na reunião do Gabinete Coordenador de Segurança que decidiu retirar o capítulo do relatório. Ao Bloco de Esquerda, a ministra tinha garantido que desconhecia “em absoluto” outra versão que não a oficial.

PARTILHAR
Margarida Blasco
Margarida Blasco. Foto Grupo Parlamentar do PSD/Flickr

A edição desta segunda-feira do Diário de Notícias revela que a decisão de retirar do Relatório Anual de Segurança Interna o capítulo de cinco páginas sobre “Ameaças Híbridas e Extremismos” foi tomada numa reunião no dia 21 de março numa reunião onde estavam as ministras da Justiça e da Administração Interna.

Na semana passada, o gabinete da ministra Margarida Blasco tinha respondido às questões enviadas pelo deputado bloquista Fabian Figueiredo sobre o desaparecimento do capítulo sobre as ameaças da extrema-direita. Na resposta, afirma que “desconhece-se em absoluto a existência de qualquer outra versão - nomeadamente enviada à comunicação social - que não seja a versão oficial” enviada ao Parlamento.

Segundo o Diário de Notícias, quatro dias antes da reunião em que participaram as ministras Rita Júdice e Margarida Blasco, todos os presentes tiveram acesso à versão onde constava o capítulo. Durante a reunião, foi debatida a retirada do capítulo, por iniciativa do secretário-geral do SIRP, e aprovada por todos.

“Luís Montenegro não pode continuar em silêncio”

O capítulo em questão referia-se à atividade em Portugal de grupos criminosos de extrema-direita, como um ramo do grupo neonazi Blood&Honour, classificado nalguns países como organização terrorista, ou da atividade crescente de influencers de extrema-direita nas redes sociais.

As contradições no Governo sobre o capítulo cortado do RASI já tinham levado o Bloco a requerer um debate por parte da Comissão Permanente da Assembleia da República, mas o Chega juntou-se ao PSD e CDS para impedir o Governo de vir dar explicações sobre o caso. Na sequência desta recusa, o Bloco enviou um conjunto de perguntas diretamente ao primeiro-ministro, que tem a tutela do Sistema de Segurança Interna.

Para o deputado Fabian Figueiredo, hoje sabe-se que “há um capítulo inteiro sobre as ameaças da extrema-direita à segurança nacional que desapareceu do RASI e há versões diferentes veiculadas pela secretária-geral do SSI e pela ministra da Administração Interna”. Por isso, “Luís Montenegro não pode continuar em silêncio”, defende o líder parlamentar do Bloco.