Trabalho

Patrões da hotelaria e restauração não atualizam salários há dois anos

26 de junho 2025 - 18:39

Os salários são baixos mas os lucros de milhões. Sindicatos afetos à CGTP dizem que a recusa de atualizar rendimentos deixará “muitos milhares de trabalhadores” a ganhar apenas o salário mínimo ou perto disso, incluindo trabalhadores com mais de 30 anos de casa.

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Trabalhadores protestam à porta da associação patronal do turismo.
Trabalhadores protestam à porta da associação patronal do turismo. Foto Esquerda.net.

A FESAHT, federação sindical que representa os sindicatos dos trabalhadores do setor da hotelaria e turismo afetos à CGTP, acusa a associação patronal de ter recusado, “pelo segundo ano consecutivo” um acordo para a atualização salarial.

De acordo com esta estrutura sindical, tal posição é “lamentável e incompreensível”, resultando em que “muitos milhares de trabalhadores” passem a receber o salário mínimo nacional ou valores muito aproximados. Denuncia-se que esta desvalorização atingirá mesmo “trabalhadores com antiguidades de mais de 30 anos em Hotéis de 5 estrelas”.

Criticam-se os adiamentos sucessivos das reuniões entre as partes sobre revisão de contratos coletivos de trabalho, dizendo ser claro que estes “tinham como único objetivo fugir à negociação”.

Os sindicatos insurgem-se ainda contra uma “falsa campanha” feita pela associação patronal que promove a ideia de que modernizou a regulamentação de trabalho no setor. Para estes, “essa modernização não é mais do que uma revisão nos acordos com a UGT que visa exclusivamente reduzir direitos e alterar a denominação das categorias profissionais com o objetivo de promover uma maior polivalência a troco de salários de miséria”.

Para a FESAHT, a política de baixos salários, de precarização laboral e retirada de direitos deve ser classificada como um escândalo e contrasta com “a boa situação que o setor vive no que respeita aos valores alcançados que são verdadeiramente extraordinários e reconhecidos pelo INE e Patrões, de receitas nas dormidas e vendas na restauração”.

Também “não se compreende” que os patrões continuem “a propagandear falta de mão de obra no setor e a exigir linhas e mecanismos de financiamento do estado e da UE”, acumulando “milhões de lucro” num “dos setores que mais tem crescido no nosso País, que mais contribui para o PIB Nacional, que é utilizado como bandeira internacional”

Os governos que têm estado no poder não são poupados às críticas, pois “nada fazem para inverter práticas associativas/patronais que não respeitam os direitos, não dignificam as profissões, continuam a pagar salários baixos deixando assim os trabalhadores sempre colocados em último plano”.

A FESAHT termina o seu comunicado afirmando que “está a analisar a situação e vai decidir com os trabalhadores como abordar esta situação que para além de lamentável e injusta, é também insustentável”.