Ritmo do aquecimento global duplicou desde a década de 1980

26 de junho 2025 - 11:44

Em 2024, o aumento da temperatura da superfície global em relação aos níveis pré-industriais foi de 1,52 graus, de acordo com o estudo Indicadores das Alterações Climáticas Globais.

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Earth Egg. Montagem de Arizona Jones/Flickr.
Earth Egg. Montagem de Arizona Jones/Flickr.

A taxa de aquecimento global no período de 2012 a 2024 praticamente duplicou em relação à década de 1980, de acordo com a última atualização “Indicadores das Alterações Climáticas Globais”, publicada na passada quinta-feira na Earth System Science Data.

Este índice é feito por uma equipa de mais de 60 cientistas de institutos de todo o mundo e a atualização mais recente incluiu mais dois indicadores, a subida do nível do mar e a precipitação global terrestre.

A sua conclusão é que as atividades humanas resultaram na libertação do equivalente a cerca de 53 mil milhões de toneladas de CO2 para a atmosfera a cada ano na última década, em média, principalmente devido à queima de combustíveis fósseis e à desflorestação.

William Lamb, do Instituto Potsdam para os Impactos Climáticos (PIK), que dirigiu a parte do estudo sobre as emissões de gases com efeito de estufa, comentou que “estas tendências são impulsionadas principalmente pelos combustíveis fósseis, com menores contribuições da desflorestação, agricultura e outras atividades”.

Para ele, “até que migremos o fornecimento de energia para tecnologias renováveis e limpas, e as práticas de uso da terra para métodos sustentáveis, as concentrações atmosféricas de gases com efeito de estufa continuarão a aumentar. A falta de ação decisiva sobre as emissões nos próximos anos deixará as gerações atuais e futuras com impactos cada vez mais intensos e drásticos das alterações climáticas”.

O autor principal do estudo, Piers Forster, diretor do Priestley Centre for Climate Futures da Universidade de Leeds, acrescenta que “as temperaturas têm aumentado ano após ano desde o último relatório do IPCC em 2021” e que “as políticas climáticas e o ritmo da ação climática não estão a acompanhar”.

Em 2024, o aumento da temperatura da superfície global em relação aos níveis pré-industriais foi de 1,52 graus Celsius. 1,36°C dos quais podem ser atribuídos diretamente à atividade humana. Os autores do estudo notam que este 1,5°C de aumento da temperatura global num só ano não é o mesmo que um aquecimento a longo prazo de 1,5°C que é o famoso limite do Acordo de Paris. Mas é certamente uma confirmação da rapidez do aumento das temperaturas.

Do estudo consta ainda que, entre 2019 e 2024, o nível médio global do mar aumentou cerca de 26 milímetros. Ou seja, uma taxa de cerca de 4,3 milímetros por ano. Isto é mais do dobro da taxa de longo prazo de 1,8 milímetros por ano observada desde o fim do século XX.