Sem transferências sociais, a taxa de risco de pobreza seria de 40% em 2023

22 de janeiro 2025 - 15:36

Estudo indica que quase metade da população estaria em risco de pobreza sem transferências sociais. Taxa baixa para 21% depois de transferência de pensões e reformas e para 17% depois de outras transferências.

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Pobreza
Fotografia de Santiago Gonzalez/Flickr

Em 2023, a taxa de risco de pobreza em Portugal teria sido de 40,3%, se não fossem as transferências sociais. Seria quase metade da população a viver com rendimentos monetários líquidos anuais inferiores a 7.588 euros, ou seja, 632,33 euros por mês, provenientes de trabalho, capital e transferências privadas.

Esses 40,3% baixam para 21,4% após as transferências das pensões de reforma e sobrevivência. Já depois das transferências relacionadas com doença e incapacidade, família, desemprego e inclusão social, a percentagem baixa ainda para 16.6%. A informação é avançada por Inês Tavares e Renato Miguel do Carmo no estudo “Tendências recentes da pobreza e da privação em Portugal”.

O estudo aponta uma deterioração da situação dos idosos e das mulheres, mas também um alto nível de risco para mães ou pais solteiros com um nível de escolaridade limitado ao ensino básico. Ainda assim, de forma global, os 16,6% representam uma redução da taxa de risco de pobreza em Portugal em 0,4 pontos percentuais face ao ano anterior.

Enquanto nos menores de 18 anos e na população em idade ativa a taxa de risco de pobreza desceu entre 1,5 e 2,9 pontos percentuais, no grupo dos 65 ou mais anos, aumentou quatro, situando-se agora nos 21,1%. É o valor mais elevado para qualquer grupo etário desde 2017.

Os fatores que mais contribuem para taxas de risco de pobreza mais elevadas estão ligados à composição do agregado familiar e às faixas etárias dos membros: se é constituído por idosos com 65 ou mais anos, se é composto só por uma pessoa ou se há dependentes menores de idade. Mas é também de notar que o nível de escolaridade é um fator relevante, havendo uma diferença de 17 pontos percentuais entre quem só tem o ensino básico e quem completou o ensino superior.

O estudo foi feito com base no Inquérito às Condições de Vida e de Rendimento, realizado em 2024 pelo Instituto Nacional de Estatística, que inquiriu 19.815 famílias e obteve informação sobre 37.524 pessoas.