Jessica Pacheco

Jessica Pacheco

Enfermeira e presidente da VegAçores-Associação Vegana dos Açores.

Tudo isto é demasiado grave para permanecer em silêncio. Há que dar condições aos profissionais de saúde e há que ter médicos não objetores de consciência em número suficiente na região dos Açores para evitar criar mais barreiras no acesso à IVG.

Ser mulher é estar sempre em desvantagem quer no trabalho remunerado, quer quando chega a casa e tem à sua espera mais horas de trabalho não remunerado, apenas porque tem sido sempre assim…

Para o PSD, CDS, PPM, IL e CH o que está em cima da mesa são os seus jogos políticos, para se manter no poder e garantir que se mantêm no parlamento em futuras eleições. Mas o que estes partidos estão a criar é mais instabilidade com a sua irresponsabilidade.

A dívida da região continua em trajetória ascendente. A opção pelo “endividamento zero” e pela redução de impostos – apesar de toda a propaganda do governo – só contribuiu para piorar a dívida pública dos Açores.

Se para algumas coisas os liberais querem o mercado a funcionar livremente, para outras já exigem apoios públicos para manter os negócios do costume.

Em setembro de 2022, o Bloco de Esquerda levou a debate no parlamento dos Açores a proposta para integrar os profissionais de saúde precários, no entanto os partidos de direita rejeitaram a proposta, optando por mandar para o desemprego centenas de trabalhadores.

Os dados do último relatório único do Observatório do Emprego revelam, novamente, as desigualdades salariais entre mulheres e homens nos Açores, que são a região mais desigual do país e a segunda com o maior risco de pobreza. As mulheres são as que mais sofrem para sair deste ciclo.

A 2.ª edição do inquérito “Experiências de Parto em Portugal” concluiu que três em cada dez mulheres afirmam terem sido vítimas de abuso, desrespeito ou discriminação, sendo as intervenções não consentidas as apontadas como a forma mais recorrente dessa violência.

Os Açores são a região mais desigual do país e com a segunda maior taxa de risco de pobreza. O ódio ao RSI e aos seus beneficiários contribuiu para estigmatizar estas pessoas e potencialmente inibir a procura por este apoio.

Há uns anos, António Costa afirmava que "os portugueses não gostam de maiorias absolutas. Têm más memórias de maiorias absolutas do PSD ou do PS ". Esta não será exceção.