Dentro de dias iremos escolher quem desejamos para governar o nosso concelho, a nossa cidade ou freguesia. Esta é para mim a eleição mais importante de entre as várias do país, porque obriga-nos a pensar como sonhamos o espaço onde dia a dia vivemos, a equacionar as respostas adequadas para que ninguém se sinta discriminado, a olhar e refletir sobre que futuro desejamos para as próximas gerações! São inequivocamente eleições que nos exigem poder de análise crítica, mas sobretudo responsabilidade individual e coletiva!
Vivo na Amadora há décadas, também aqui trabalhei até me aposentar, e nunca aceitei a imagem negativa que se projeta do meu concelho, embora concorde que existem múltiplos problemas a que é necessário dar resposta, mas gosto sobretudo de me diluir na sua diversidade, na riqueza de bairros onde ainda há preocupação pela vizinhança, da mudança a que fui assistindo ao longo dos anos. Quando me mudei para esta cidade, eram inúmeros os bairros de casas precárias, sendo que à entrada do meu bairro, existia, onde hoje está um bonito parque, um bairro nauseabundo, sujo, com esgotos a céu aberto. Não era digno para quem ali vivia naquelas condições, como também não era um cartão de visita para quem desejava entrar e viver neste espaço. Como este havia muitos outros, ainda há, diferentes consoante a cultura de quem os habitava: Azinhaga dos Besouros, Casal de Santa Filomena, Bairro 6 de Maio, Estrada Militar, Lixeira da Boba, Carenque, Quinta da Lage, Zambujal, Cova da Moura… As soluções encontradas para o realojamento destas famílias levantaram ondas de descontentamento e de conflito, conduzindo em várias situações, ao despejo sem alternativa habitacional. Têm sido dias exigentes na intervenção face ao desespero dos munícipes envolvidos, pelo que o Bloco tem procurado acompanhar presencialmente estes casos, exigindo negociação para as soluções que viessem a ser encontradas e pressionando para que ninguém ficasse sem teto, defendendo a habitação como um primeiro direito com a assunção de que o estado deve garantir o cumprimento do 1º Artº da Constituição da República Portuguesa!
Mas, os problemas na Amadora são mais profundos, a sua diversidade mal assumida, faz com que as várias comunidades se olhem como que separadas por muros invisíveis, e sejam consideradas minorias à margem da cultura maioritária do privilégio branco. Defendo que já é tempo de a cidade espelhar o que nela se vive e faz, quer na cultura, no desporto, na gastronomia, quer na variedade linguística que a cruza, numa dimensão não de assimilação, que rejeito veementemente, mas sim de respeito pela diferença, interagindo de forma natural e plena, que produza uma forma de estar referência em que a cultura da paz passe pela noção de pertença que assista a cada um e cada uma no concelho demograficamente mais denso do país. Neste processo a educação é sem dúvida o motor central para produzir esta mudança!
O envelhecimento da população desafia-nos a pensarmos as cidades de forma diferente, mudando o paradigma, até aqui os carros assumiam este papel central, hoje exige-se que o espaço urbano tenha características de resposta a todas as incapacidades dos seus moradores, o que obriga a trocar estacionamentos por passeios largos, com piso liso, arborizados, com bancos, com um leque de serviços em proximidade que respondam às necessidades de quem precisa. Também ao nível do urbanismo se deseja uma outra forma de o olhar, propondo-se que quem licencia construção tenha como objetivo primeiro, a adaptação dos edifícios quer ao nível das acessibilidades, quer ao nível da eficiência energética, quer ao nível da comodidade sem nunca esquecer que as alterações climáticas nos obrigam a economizar bens cada vez mais escassos, como a água, e a usar todos os meios para o arrefecimento das cidades…A sua arborização representa um desafio fundamental, quer ao nível da qualidade do ar, quer ao nível do seu arrefecimento!
Sim, não me referi às respostas na saúde, dos transportes, da segurança…
Mas, temos também propostas nestes campos, mas não concordam que a intervenção equilibrada, debatendo sempre com as populações democraticamente, as propostas acima referidas, se contribuiria para a mudança para uma cidade em que a harmonia e a paz seriam a sua riqueza maior, muito mais feliz??! A sério, estou convencida que sim!
