1. O orçamento 2025, malquisto. Na prática, uma brincadeira de putos, o pessoal a aguardar e a desesperar. No vai-e-vem contínuo, PSD e PS vão averbando um péssimo serviço à causa pública e à democracia. A generalidade das pessoas já não os suporta, instala-se a confusão entre o sobe e desce do IRS, do IRS jovem e do IRC. Havia linhas vermelhas, já ninguém sabe onde param, uma birra que desacredita a classe política cada vez mais remetida para um canto. Não será claro que a generalidade das pessoas não aprova esta forma de discutir o OE? PSD e PS insistem (às vezes, cada vez menos, o Chega tenta marcar posição), o vazio entre eles e a população aumenta. Se fossemos medir temperaturas, possivelmente não gostaríamos dos resultados. A democracia perde argumentos;
2. E, aparentemente, o Chega estará numa curva descendente. Vai ficar lá em baixo? Ou reconquista o fôlego? A última grande intervenção do seu chefe foi a propósito do episódio Barber’s shop. Pobre barbeiro! Uma intervenção sumida, sem brilho político nem ambição o aparecimento do chefe. Figura triste, utilizar os media para vir afirmar que os figurantes daquele episódio eram apenas simpatizantes do seu partido. Ridículo, a bitola muito por baixo. Ao nível de considerar Badajoz o limite do horizonte;
Gravíssimo o que o Governo prepara para a RTP. Trata-se verdadeiramente de cortar as pernas ao canal oficial o qual
3. Gravíssimo o que o Governo prepara para a RTP. Trata-se verdadeiramente de cortar as pernas ao canal oficial o qual, mercê de um trabalho persistente, se tem vindo a afirmar no confronto com os canais privados com outros financiamentos. Sobretudo a RTP2 com inúmeros programas informativos e culturais de conteúdo indiscutivelmente interessantes. Não se figurando nenhuma razão para a intervenção só pode mesmo ser política. Não agrada, ponto. Trata-se de censura pura e dura, mal muito mal disfarçada. Não augura nada de bom uma intervenção a cortar os meios de financiamento porque mesmo que o Estado tencionasse vir a subsidiar a RTP, isso aconteceria em troca de quê? Uns media livres são como uma Assembleia da República indiscutivelmente autónoma. A democracia periga;
4. Esta intervenção governamental é um atentado à democracia. Talvez me respondam que estou a andar muito depressa. Não creio, este governo ainda não governou nada, nem reformas de fundo nem medidas mais ligeiras. Navega à vista mas em matéria de comunicação social começou com a promessa de intervenção contra a RTP para logo logo o 1º Ministro fazer os comentários lamentáveis sobre os jornalistas na entrevista que concedeu à SIC. Ele devia sentir-se muito à vontade com a entrevistadora, escolhida a dedo, ambos oriundos do mesmo quadrante ideológico, o contraditório não existiu, ou melhor, assumou em forma de teimosia, é assim, não vale a pena escarafunchar mais, já disse. Faltou mesmo uma postura de estadista. Como é cansativo aturar estes políticos feitos à pressa, sem passado e que nos levam para um futuro incerto;
5. A falta de postura e a impreparação é um patamar comum a muitos dos nossos actuais governantes. Pensar nas intervenções da Ministra da Administração Interna ou da Ministra da Saúde, imaginar as intervenções dos ministros cujos nomes e figuras, ao fim de 6 meses, ninguém sabe quem são, é tristérrimo e incomoda-nos;
A investida contra a RTP é um ataque à democracia
6. A investida contra a RTP é um ataque à democracia. Na linha do cerco que o SNS tem vindo a sofrer há anos, devagarinho foram-se escancarando as portas aos privados e agora “agarra que é ladrão”, deixou de se perceber. Aqui e ali há serviços e pessoal de saúde que resiste e presta bons serviços; mas aqui e ali há a ganância instalada, o despudor completo. Podia dar exemplos da minha experiência pessoal, não é o local apropriado. Uma catástrofe agravada pelo desnorte instalado entre a população, um salve-se quem puder, sempre com o 1º Ministro a bater no peito pelo SNS. Julgará que não notamos?
7. E as figuras da segunda divisão, ansiosas por passarem à primeira, nos bicos dos pés para dar nas vistas. As declarações do presidente da CMLisboa, a coroar outras idênticas anteriores, no 5 de Outubro sobre os sem-abrigo dos Anjos, chocante. São declarações que escondem a verdadeira solução encontrada, o momento completamente inoportuno, o desrespeito pelo 5 de Outubro, qualquer dia tratarão o 25 de Abril com o mesmo desprezo. Entre aquilo que disse sobre os imigrantes e o que a extrema direita defende, qual é a diferença?! E a coroar o espiche oratório, o Castelo de São Jorge esteve iluminado a verde e vermelho. Escolha diabólica, o dia que merecia uma participação popular que faltou, e o monumento erguido no espaço outrora ocupado pela comunidade muçulmana.
