Alemanha

O partido de Sahra Wagenknecht é o veículo de uma migração política para a direita que elimina qualquer vestígio do programa histórico do socialismo.

Jorge Costa

Todas as fronteiras internas alemãs passam a ter controlos fronteiriços, suspendendo a livre circulação de pessoas no espaço Schengen. Outros países europeus reclamam da medida. A extrema-direita europeia aplaude.

Novo fenómeno da política alemã após as recentes eleições regionais, Sahra Wagenknecht defende a aliança entre o conservadorismo em matéria social e uma política geralmente “de esquerda”. Mas o estudo do seu programa e das suas declarações torna este casamento mais que difícil.
 

Romaric Godin

Antes de sofrer duas pesadas derrotas eleitorais nas regionais da semana passada no leste do país, o chanceler alemão já tinha admitido que a posição do executivo sobre a guerra na Ucrânia o estava a penalizar nas urnas.

Pela primeira vez após a II Guerra Mundial, um partido de extrema-direita é o mais votado numa eleição de um estado alemão. Partidos da coligação de governo são os grandes derrotados também na Saxónia.

Holger Stark, o editor-adjunto do semanário alemão Die Zeit que investigou nos últimos anos a sabotagem dos gasodutos entre a Rússia e a Alemanha, resume nesta entrevista ao Democracy Now! as conclusões da investigação que aponta o dedo ao comando militar da Ucrânia. 

Um relatório oficial detalha a existência de muitos membros com ligações a grupos de extrema-direita. Na segunda-feira, um político da AfD foi multado pela segunda vez por usar um slogan nazi.

A Alemanha é o segundo país do mundo que mais vende armas a Israel. Um relatório detalha por completo o que é conhecido deste comércio manchado pelo sangue palestiniano.

Neste noticiário damos a volta ao mundo da atualidade canábica, do Nepal á Argentina, passando pela África do Sul.
 

Os ataques a candidatos da esquerda são o resultado do aumento do discurso de ódio numa campanha em que o candidato da extrema-direita foi obrigado a retirar-se após defender que os membros das SS não eram criminosos.

O ex-ministro das Finanças grego foi banido de visitar a Alemanha e até de participar em vídeo-conferências que sejam transmitidas a partir do país por participar no Congresso Palestina. Lê aqui o discurso que o causou, em que defende que “nenhum de nós é livre se um de nós estiver acorrentado”.

Duas horas depois de começar a polícia cercou o edifício e cortou a luz ao evento. Dias antes, a filósofa judia Nancy Fraser tinha sido informada pela Universidade de Colónia que já não poderia exercer como professora convidada por ter assinado a carta “Filosofia pela Palestina”.

No dia em que a Alemanha responde no TIJ sobre o apoio a Israel, contamos histórias de quem resiste ao clima de medo instalado entre quem defende a Palestina: o grupo judaico com a conta congelada, os organizadores do congresso pela Palestina com rusgas em casa ou os funcionários públicos que escreveram anonimamente a Scholz.

Investigação jornalística descobriu entre os assessores do grupo parlamentar vários elementos neonazis, identitários e conspiracionistas de grupos identificados pelos serviços de segurança estatal como extremistas de direita.

Esta semana estão marcadas greves dos maquinistas da empresa pública ferroviária Deutsche Bahn e do pessoal de cabine da Lufthansa. No primeiro caso luta-se pela redução do horário de trabalho que várias das empresas privadas do setor já aplicam. No segundo por aumento salarial em ano de lucros recorde.

Os adeptos alemães opõem-se à mercantilização do futebol e prezam a regra do 50+1 que faz com que no país o controlo dos clubes permaneça nas mãos dos sócios e não de fundos de capitais como noutros lados. A Liga Alemã de Futebol teve de recuar na “parceria estratégica” milionária.

A Conferência Episcopal da Alemanha afirma que o extremismo de direita não é compatível com os valores fundamentais do cristianismo pelo que defende que os católicos e outros cidadãos não devem votar na AfD, o parceiro alemão do Chega.

Contam-se pelas centenas de milhar os alemães que estão a sair às ruas para dizer que “o fascismo não é uma alternativa”. Só neste sábado foram 250.000. Na reunião em que se planeou a expulsão em massa de migrantes estiveram presentes também dois membros de uma ala ultra-conservadora da CDU que agora vai criar um novo partido.

Em cinco dias consecutivos, as ruas de várias cidades alemãs têm-se enchido de vozes antifascistas em reação a notícia de que se estaria a preparar um plano de deportação em massa caso a AfD vencesse as próximas eleições.

Membros da Alternativa para a Alemanha (AfD), incluindo um assessor da sua líder, Alice Weidel, reuniram-se com o chefe do Movimento Identitário e com ativistas neonazis para discutir um plano de deportações em massa de migrantes, a ser caso posto em prática o partido chegue ao poder.