Com a reunião da Mesa Nacional agendada para este sábado, o Bloco iniciará o processo de reflexão interna sobre o resultado das eleições de domingo. Numa mensagem enviada aos aderentes, a Comissão Política do partido promete reagir ao “pior resultado de sempre em legislativas” com um debate “com franqueza e abertura” acerca das razões que determinaram a “avassaladora viragem à direita” no país.
Sublinhando que “o somatório das votações do PS e dos partidos à sua esquerda é o mais baixo de sempre” e a existência do risco inédito de revisão constitucional feita exclusivamente à direita, os dirigentes bloquistas defendem que este facto “deve determinar novas convergências alargadas no campo democrático em defesa da Constituição de Abril”.
Legislativas 2025
“Cada deputado a menos é um lutador que estará a fazer o trabalho contra a direita na rua”
“Esta foi a campanha mais difícil das nossas vidas”, refere a nota aos aderentes, destacando a “bravura” dos militantes e voluntários que mostraram “um partido mobilizado, porta a porta, rua a rua, para enfrentar uma viragem à direita sem precedentes”. Mas o impacto político que teve a proposta do teto às rendas “não se traduziu em mais força eleitoral, nem bastou para contrariar a dinâmica do discurso anti-imigração da extrema-direita”, potenciada pelo “sensacionalismo de um conjunto de meios de comunicação social e pela manipulação de massas através das redes sociais”, que conseguiram instalar “um senso comum xenófobo e racista que colocou as esquerdas à defensiva e sem capacidade de definir a agenda”.
A direção bloquista irá organizar nas próximas semanas, “com franqueza e abertura”, debates plenários sobre “as razões deste resultado, os nossos erros e acertos, bem como as experiências de organização e comunicação que queremos levar para o futuro”. O objetivo é “ouvir todos os militantes, mas também companheiros e companheiras da esquerda com quem queremos partilhar o percurso do futuro”.
“O Bloco não se fecha: iremos à luta pela liberdade e pelo futuro da esquerda em todo o país, um espaço aberto de resistência, sem sectarismos”, conclui a mensagem aos aderentes, apelando a “mais organização e militância” para ao mesmo tempo “remar contra a maré de direita” e “relançar o Bloco e criar novas formas de organização e participação”.