Cerca de uma semana depois do cessar-fogo, as Forças Aéreas israelitas estão a desencadear vários ataques em Gaza. As Forças de Defesa de Israel confirmam que “começaram um nova onda de ataques” no sul da Faixa de Gaza, nomeadamente em Khan Younis. Isto enquanto o ministro da Segurança Nacional israelita Itamar Ben-Gvir apela ao retomar das hostilidades com “força total”. O lado israelita acusa o Hamas de “uma flagrante violação do acordo de cessar-fogo”. O Hamas negou, diz “desconhecer” os conflitos e afirma que não está sequer em contacto com nenhuns combatentes que estejam perto de Rafah, onde o exército israelita alega que teriam ocorrido combates. Para além disso, assegura “continuar empenhado no acordo de cessar-fogo”.
Ao mesmo tempo, um responsável israelita confirmou ainda às agências oficiais que a suspensão da entrega de ajuda em Gaza: “de acordo com a diretiva do escalão político, a transferência de ajuda humanitária para a Faixa de Gaza foi suspensa até novo aviso, após a flagrante violação do acordo por parte do Hamas”, afirma-se em declarações reproduzidas pela BBC. Desde de 10 de outubro, estavam a entrar centenas de camiões com ajuda humanitária no território num contexto em que se mantém uma situação de fome generalizada.
Nos ataques de hoje terão já morrido pelo menos 21 pessoas, incluindo várias numa escola que alojava civis refugiados. Desde o início do cessar-fogo, o exército israelita já violou o acordo por 47 vezes, matando 35 pessoas e ferindo pelo menos 146 de acordo com as autoridades civis de Gaza.
Israel está a indicar que dois soldados seus foram mortos e um gravemente ferido.
Milhares manifestam-se em Lisboa
Ao mesmo tempo, acontecia em Lisboa “uma das maiores manifestações de sempre pró-Palestina em Portugal” que juntou milhares de pessoas, de acordo com a agência Lusa.
As palavras de ordem “em cada cidade, em cada esquina, somos todos Palestina”, “viva a luta do povo palestino, Israel é um estado assassino” ou “abaixo o sionismo que vai cair”, ecoaram fortemente pelas ruas da capital.
Ainda antes das notícias mais recentes, por parte da organização, João Antunes, dos Médicos Sem Fronteiras, falava num cessar-fogo “muito precário” e contava a “alegria enorme quando foi o acordo de cessar-fogo” mas como as pessoas “ainda muito temerosas e muito desconfiadas”, apelando a “uma pressão internacional intensa” para que “as coisas melhorem”. Queixava-se, por exemplo, de que a sua organização tinha quatro camiões prontos para entrar no território “e só deixaram entrar dois”.
Jonathan Bebebgui, do movimento Judeus pela Paz, também tomava o cessar-fogo como dado ainda e acrescentava que este “ não basta”, sendo preciso ir mais longe e dizer “que somos contra a ocupação, contra os colonatos, contra a opressão do povo palestiniano e que só haverá paz quando a ocupação da Palestina acabar”. Para ele, que faz parte de um grupo de judeus anti-sionistas, solidários com a Palestina, a ocupação desta é um ato “de colonialismo”.
"Israel não quer permitir que a Palestina exista"
Presente na manifestação esteve também Mariana Mortágua. A coordenadora bloquista explicou não dúvidas que foi a pressão internacional que "permitiu um cessar-fogo" e que a comunidade internacional deve continuar a sancionar Israel.
Mas acrescentou que também não tem dúvidas "que Israel não quer reconhecer a Palestina, que Israel não quer permitir que a Palestina exista, e por isso tem vindo a violar sistematicamente o cessar-fogo".