“Adesão dos enfermeiros à greve é sinal da força das suas reivindicações”

04 de junho 2015 - 13:28

Durante a sua participação no piquete dos enfermeiros no Hospital de São José, a porta-voz bloquista, Catarina Martins, vincou que a luta dos enfermeiros é “a luta pelo direito dos utentes”. Segundo o presidente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, a adesão de 80% à greve nacional traduz a "enorme insatisfação e descontentamento" por parte da classe.

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Foto de Paulete Matos.

A adesão dos enfermeiros a esta greve é sinal da força das suas reivindicações e é sinal de um grande consenso entre enfermeiros e enfermeiras sobre a necessidade de uma alteração profunda no Serviço Nacional de Saúde (SNS)”, afirmou Catarina Martins, frisando que “a luta que estão a fazer é a luta pelo direito dos utentes”.

Referindo que “os enfermeiros são a porta de entrada dos utentes no SNS, estando na linha da frente para acorrer às suas necessidades”, a porta voz bloquista destacou que “o SNS está menos capaz de dar resposta às necessidades das pessoas” e que, “quando as urgências entram em colapso”, esse é também um sintoma da falta de profissionais de saúde, desde logo nos cuidados primários”.

Temos assistido nos últimos anos a algo de muito preocupante que se está a passar neste país: ao mesmo tempo que faltam os enfermeiros e as enfermeiras no SNS, que os utentes esperam e desesperam por cuidados tão essenciais que estes profissionais lhes prestam todos os dias, vemos a quantidade de enfermeiros e enfermeiras que estão a sair do país”, avançou a dirigente do Bloco de Esquerda.

Segundo Catarina Martins, “há aqui um forte grito de alerta”.

Não podemos continuar a mandar os enfermeiros para fora do país quando precisamos tanto deles no SNS”, defendeu, vincando que “esta greve deixa um sinal claro”.

Uma greve tão expressiva deve ter também uma resposta expressiva e essa resposta passa pela contratação de mais profissionais e, naturalmente, por dar as condições justas e dignas para que possam fazer o seu trabalho”, rematou.

Adesão à greve confirma a "enorme insatisfação e descontentamento"

O presidente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), José Carlos Martins, disse à agência Lusa que a adesão à greve nacional dos enfermeiros rondou os 80% no turno inicial, o que traduz a "enorme insatisfação e descontentamento" por parte da classe.

Lembrando que, de acordo com dados do Ministério das Finanças, e entre os licenciados da administração pública, os enfermeiros são os "que menos ganham quando comparados com professores e outros técnicos superiores de saúde", o dirigente sindical frisou que "ninguém compreende porque é que os enfermeiros especialistas, que investem um ano e meio em formação, chegam às instituições, melhoram a qualidade dos cuidados, reduzem custos às instituições e ganham a mesmíssima coisa".

O representante do SEP reivindica do Ministério da Saúde "uma valorização da carreira dos enfermeiros e das condições do trabalho", considerando estar demonstrado que, havendo mais enfermeiros e melhores condições de trabalho, estes "salvam mais vidas, reduzem as infeções hospitalares em 30% e o número de dias de internamento".

Segundo José Carlos Martins, se os centros de saúde tiverem mais enfermeiros, organizados por famílias, serão reduzidos "milhares de internamentos e idas às urgências", além de se melhorar a qualidade de vida das pessoas.

A greve nacional de 48h contra a "degradação das condições de trabalho" teve início às 0h desta quinta feira e prolongar-se-á até ao fim do dia de sexta-feira.

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