Com o calendário escolar a aproximar-se do fim do ano letivo, há cerca de 24 mil alunos que não têm aulas a, pelo menos, uma disciplina. Segundo a estimativa da Federação Nacional de Professores (Fenprof) com base em dados da última semana, há 296 horários por preencher em oferta de escola.
“Se compararmos o número de horários e de horas a concurso, conseguimos estar ligeiramente pior do que há um ano” disse ao Jornal de Notícias João Pereira, o dirigente da Fenprof que fez os cálculos. Se não fossem as horas extraordinárias e a contratação de não profissionalizados ou de técnicos especializados a situação seria “bem pior”, clarifica a federação sindical.
No início de maio, a quantidade de alunos sem aulas a, pelo menos, uma disciplina estava nos 30 mil. Esse número tem estado relativamente estável apesar de ter subido em maio. Nas escolas, há cada vez mais dificuldade em fazer substituições e a classe docente é “muito envelhecida”, aumentando o número de baixas e de aposentações, diz João Pereira.
Segundo a Fenprof, a medida bandeira do Governo de fazer professores regressar ao Ensino ou adiar a sua aposentação não tem um impacto significativo no aumento de professores. A redução do número de alunos sem aulas está a ser conseguida por docentes que fazem horas extraordinárias ou pela contratação de docentes não profissionalizados.
Reduzir o número de alunos sem aulas era precisamente um dos objetivos do ministro da Educação, Ciência e Inovação. Mas com um número superior ao do ano anterior, esse objetivo está falhado e não se anteveem mudanças para o próximo ano letivo.
O ministro Fernando Alexandre já tinha sido criticado relativamente a esta matéria por ter divulgado números incorretos no arranque do ano letivo de 2024/2025. Depois disso, encomendou uma auditoria à KPMG, cujos resultados deviam ter sido divulgados em março. Mas em abril o Governo assumiu o atraso e o ministro disse que “não sabemos se vamos ficar a saber”, apesar de ter um contrato com a KPMG que chega aos 53 mil euros.
As regiões com mais falta de professores no país são Lisboa e Setúbal, com o Porto em terceiro lugar. E é nas disciplinas de Português, Inglês ou Francês que se notam mais deficiências no corpo docente.