Anne Rolfes e Kate McIntosh, duas ambientalistas norte-americanas, estão a ser acusadas de “aterrorizar” um lóbista do setor das energias fósseis. O crime? Terem enviado uma caixa com detritos de plástico encontrados na baía de Lavaca acompanhada por uma nota. Por essa ação, podem vir a enfrentar até 15 anos de prisão.
Estas ativistas fazem parte do grupo Louisiana Bucket Brigade que se opõe à construção de um dos maiores complexos petroquímicos no país pela empresa Formosa Plasticas, em Saint James Parish, no Lousiana. Em dezembro passado numa ação contra a poluição chamada “Nurdlefest”, recolheram pelotas de plástico que poluíam uma baía perto de uma outra fábrica da mesma empresa.
Foram acusadas de as terem deixado à porta da casa de um defensor dos interesses do setor do plástico. Depois de conhecerem a acusação que lhes foi comunicada pelo seu advogado, entregaram-se à polícia na passada quinta-feira.
Os movimentos ambientalistas locais dizem tratar-se de uma criminalização do protesto ambiental na tentativa de impedir mais mobilização. E lembrar que o crime de “aterrorizar” é aplicado em casos em que haja intenção de causar medo ao público em geral, causando a evacuação de um prédio ou outras perturbações graves. Mais de quarenta movimentos expressaram já solidariedade.
A nota que acompanhava a caixa não era de todo intimidatória, nem contém nenhuma ameaça esclarecem os movimentos que disponibilizaram uma cópia online. Pelo contrário, dedicava-se a explicar os inúmeros problemas da poluição causada pelo plástico, a dizer que o conteúdo não devia ser retirado desta embalagem nem deixado perto de crianças ou animais de estimação e deveria ser reciclado de forma responsável.
Mas a polícia de Baton Rouge alegou que houve tentativa de causar medo num lóbista que não é por ela identificado e que tem sido referido como sendo Tyler Gray, presidente da Louisiana Mid-Continent Oil and Gas Association. Isto porque o pacote indicava que o material dentro dele seria perigoso.
Vários outros responsáveis do setor dizem ter recebido caixas semelhantes mas nenhum deles fez queixa às autoridades.
A empresa em questão foi sentenciada como “prevaricadora em série” por um juiz do Texas devido às descarga ilegais de pelotas de plástico em várias baías, provenientes da sua fábrica de Point Comfort. A Formosa aceitou então pagar 50 milhões de dólares para fechar esse processo.
Agora a empresa de Taiwan conseguiu permissão das autoridades locais para este novo projeto poder duplicar a quantidade de químicos tóxicos que lhes é permitido emitir pelas várias fábricas previstas, entre as quais as que vão utilizar gás natural proveniente de fracking para produzir plástico. A sua construção que implica deitar betão em terrenos que atualmente são de cultivo de cana de açúcar irá ainda, defendem os ecologistas, acabar com uma área importante de drenagem, aumento o risco de inundações para os edifícios circundantes. Contesta-se ainda a borla fiscal de 1,5 milhares de milhões de dólares que receberá por parte de uma empresa que tem sido multada por violar as leis ambientais da Louisiana.
A região de St. James Parish é conhecida como sendo uma das comunidades que mais emissões poluentes regista já nos Estados Unidos. É conhecida nos meios de comunicação social como o “beco do cancro”.