Lutas

Sexta-feira há “grande greve” na função pública, prevê Frente Comum

22 de outubro 2025 - 16:04

Escolas encerradas, serviços de saúde e justiça com perturbações e forte adesão nos serviços das autarquias e administração pública. Esta é a expetativa dos sindicatos para a paralisação de 24 de outubro.

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Frente Comum em luta
Entrega ao Governo da Proposta Reivindicativa Comum para 2026 da Frente Comum. Foto da Frente Comum

Por aumentos salariais e contra a degradação das condições de trabalho e o desinvestimento nos serviços públicos, a Frente Comum dos sindicatos da administração pública convocou uma greve nacional para esta sexta-feira, 24 de outubro. E o seu coordenador Sebastião Santana prevê que esta seja “uma grande greve” para obrigar o Governo “a perceber que está a comprar conflito social e que não vai parar porque os trabalhadores exigem políticas diferentes”.

Face à proposta de Orçamento do Estado que vai a debate na Assembleia da República, que prevê aumentos salariais de 2,15% em 2026, a Frente Comum responde que o valor "fica muito aquém daquilo que é a resposta necessária face ao contínuo perder do poder de compra dos trabalhadores”. Questionado sobre o cabimento orçamental dos aumentos de 15% e de 150 euros no mínimo que propõem os sindicatos, Sebastião Santana responde que “há toda a margem” para acomodar os aumentos, bastando o Governo recuar nas “borlas fiscais de 1.700 milhões de euros para as empresas” e na “quebra do IRC de 300 milhões de euros”.

“Não é uma questão de falta de dinheiro, é uma questão de opção política", afirmou o sindicalista à agência Lusa, dando o exemplo do aumento de 14% na despesa com a defesa e os recém-anunciados 50 milhões de euros para comprar armas aos EUA e entregá-las à Ucrânia, o que "Faz crer que estamos hoje em Portugal com mais problemas de segurança do que de saúde, o que não é verdade". A esse respeito, sublinha que o aumento do orçamento para a saúde em 2026 fica mesmo abaixo da inflação e que mais de metade desse orçamento é canalizado para os bolsos dos privados em medicamentos e meios complementares de diagnóstico financiados pelo Estado.

Ainda no setor da saúde, desta vez a propósito dos serviços mínimos decretados e alguns deles contestados pelas respetivas entidades, Sebastião Santana diz ter pena que “as necessidades sociais impreteríveis não sejam consideradas para o Governo sempre, só nos dias de greve”, havendo mesmo serviços mínimos com mais trabalhadores nas escalas do que em dias normais de trabalho.