Irão

A guerra de Israel e dos EUA ao Irão foi interrompida ao fim de doze dias de bombardeamentos aéreos que provocaram centenas de mortes e milhares de feridos, com todos os lados a declararem-se vitoriosos. O Esquerda.net reuniu algumas análises sobre as causas e consequências do conflito.

A aliança de Trump com Netanyahu leva ao extremo o corte com o Direito Internacional e assume sem rebuço a impunidade da agressão como lei. Se algum resultado vai ter a “Guerra dos 12 dias” é a acentuação exponencial da erosão do regime da não proliferação nuclear.

José Manuel Pureza

Sem negociações abrangentes que abordem as questões fundamentais - nomeadamente, as capacidades nucleares do Irão - a pausa nas hostilidades pode revelar-se temporária.

Ali Mamouri

O desempenho económico do Irão nas últimas duas décadas revela um padrão persistente de declínio. A economia do país continuava estagnada no primeiro semestre deste ano. E agora chegaram as bombas.

Michael Roberts

Há ainda pouco tempo, Israel e Irão – discretamente – mantinham excelentes relações, e Telavive chegou a apoiar Teerão durante a guerra contra o Iraque (1980-1988).

Firouzeh Nahavandi

Só os monárquicos apoiam o ataque israelita e estadunidense à República Islâmica. As figuras dissidentes condenam-nos consensualmente e ao mesmo tempo exigem uma transição para a democracia.

Jean-Pierre Perrin

Para encontrar essas respostas, é preciso olhar para dentro das cidades feridas - para os corpos indefesos, as casas destruídas e as vozes que ainda tentam ser ouvidas - mesmo debaixo dos escombros e do medo.

Siavash Shahabi

Os inspetores da AIEA sabem muito bem que não existem armas nucleares. Têm agido simplesmente como espiões voluntários dos EUA e de Israel, fornecendo retratos falados dos principais cientistas que agora foram mortos.

Tariq Ali

A guerra provoca novas vítimas civis todos os dias mas também ameaça a longa e corajosa luta do povo do Irão contra um regime repressivo, cujo auge mais recente foi o movimento “Mulher, Vida, Liberdade”. Nos últimos meses, as mobilizações sociais no Irão estavam em fase crescente. Com a guerra, Netanyahu pôs fim temporário a esta dinâmica.

Solidariedade Socialista com os Trabalhadores do Irão.

O controlo sobre as narrativas é constante no Irão, tanto por parte do governo autoritário como de atores estrangeiros. A manipulação espalhou-se das televisões e parabólicas para as redes sociais. Israel dedica-lhe especial atenção há anos.

Priscillia Kounkou Hoveyda

Os contornos da política global estão a mudar diante dos nossos olhos. Longe vão as normas que serviram de base à chamada ordem internacional liberal. O risco é que, embora esse período tenha apresentado tragédia e sofrimento a uma escala quase inimaginável, rasgar o livro de regras seja ainda muito pior.

Simon Mabon

Depois de ter ameaçado o Irão de fortes represálias se atacasse algum alvo norte-americano e tentar impor internamente a sua narrativa sobre armas nucleares, Trump lançou ataque a instalações nucleares não militares. Democratas dizem que não foram ouvidos, tendo-se violado a constituição. Guterres condena "ameaça direta" à paz e segurança. Mariana Mortágua diz que "plano de Trump e Netanyahu para dominarem o Médio Oriente é ilegal e terá consequências terríveis no mundo".

Carlos Moedas vai homenagear Farah Pahlavi, viúva do xá do Irão deposto em 1979 e mãe do pretendente ao trono que aplaude os bombardeamentos israelitas sobre o seu país.

Há relatos de fuga em massa da população de Teerão enquanto os bombardeamentos continuam. Em Gaza mais 51 civis que apenas procuravam ajuda humanitária foram massacrados.

Israel promete que "Teerão vai arder" e continua a bombardear a capital do Irão. Liderança iraniana avisa contra interferência estadunidense, britânica e francesa.

Caças israelitas bombardearam vários pontos do país, visando também matar altos responsáveis militares e cientistas iranianos, nas vésperas de mais uma reunião sobre o programa de enriquecimento de urânio iraniano. Netanyahu cria mais uma frente de guerra e ameaça “continuar por quantos dias for preciso para remover esta ameaça”.

O Meu Bolo Favorito é um filme que relata a vida e as necessidades românticas de uma mulher iraniana mais velha. Realizadora e realizador do filme foram condenados a prisão pelo conteúdo do filme, mas acabaram com pena suspensa de cinco anos.

O Hezbollah enfrenta agora o dilema da sua dupla lealdade: parte dos seus dirigentes deseja aceitar um cessar-fogo, juntamente com uma retirada a norte do rio Litani, mas Teerão está a obrigar o partido a fazer depender um cessar-fogo no Líbano de um cessar-fogo em Gaza, o que se tornou absurdo.

Gilbert Achcar

Vulnerável politica e economicamente na frente interna, a liderança do Irão e o novo governo de Pezeshkian prefeririam pôr termo a esta última escalada. Mas eles sabem que uma nova guerra regional pode já ter começado e que não há nenhum “parceiro para a paz”.

Eskandar Sadeghi-Boroujerdi

Irão diz que ataque é retaliação "legítima" contra atos "terroristas" de Israel. Estados Unidos apoiam Israel e avisam que haverá consequências.