Concerto

Bob Vylan: punk, política e solidariedade

09 de outubro 2025 - 18:13

Punhos no ar, bandeiras da Palestina erguidas e keffiyehs a voar. Assim foi o concerto dos Bob Vylan esta quarta-feira no Lisboa ao Vivo.

por

Camila Geirinhas

PARTILHAR
Os Bob Vylan estiveram esta quarta-feira no Lisboa ao Vivo
Os Bob Vylan estiveram esta quarta-feira no Lisboa ao Vivo

Punhos no ar, bandeiras da Palestina erguidas e keffiyehs a voar. Assim foi o concerto dos Bob Vylan, dupla britânica de rap-punk conhecida pelo seu compromisso político, pela recusa de contratos discográficos e por uma mensagem que cruza antirracismo, antifascismo, solidariedade e resistência. “We will always be and defend what you see on stage”, afirmou o vocalista, reafirmando a independência total da banda: “lançamos a nossa música na nossa própria editora, somos donos dos nossos mestres e da nossa publicação”.

Ao longo do concerto, a plateia não deixou dúvidas sobre a sua posição política. Várias vezes, surgiu espontaneamente o grito coletivo de “Free, free Palestine”, ao qual os músicos se juntaram. Houve ainda um momento em que o público entoou “Death death to the IDF”, cântico que o vocalista optou por não repetir, justificando com um sorriso desconfortável: “I cannot speak because every time I do I get in trouble”.

A mensagem foi também visual: projetadas no ecrã atrás da banda, leram-se frases como: We need affordable housing for all
; Human life before private profit
; Today we control rent… tomorrow police, schools and community!
; 8 years on and still no justice for Grenfell*
; Women’s rights are human rights.

A energia contagiante da sala era inegável. Apesar do destaque recente com a atuação no festival de Glastonbury a 28 de junho, Bob Vylan tinha já conquistado uma base sólida de fãs, como se percebeu quando a letra da música “I Heard You Want Your Country Back” (do álbum We Live Here, 2021) foi cantada em uníssono, misturando protesto e catarse coletiva.

Entre mosh pits, crowdsurfing e duas músicas inéditas, a noite foi eletrizante. Após prometer regressar a Portugal, a banda pediu ainda que o público tivesse respeito e cuidado uns com os outros, assegurando ficar até à última pessoa da fila para fotografias, autógrafos e conversa. O gesto foi acompanhado de ação: numa mesa junto à saída, estavam disponíveis folhetos com as histórias de 17 famílias em Gaza e um código QR para apoiar diretamente quem resiste ao genocídio.


*referente ao incêndio de 2017 na torre Grenfell em Londres