Venezuela

Governantes da América Latina exigem retirada dos navios de guerra dos EUA

02 de setembro 2025 - 15:23

Reunidos de emergência, os ministros da Comunidade dos Países Latino-Americanos e Caribenhos condenaram mobilização militar dos EUA junto à costa venezuelana.

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O contratorpedeiro lança-mísseis USS Gravely
O contratorpedeiro lança-mísseis USS Gravely é um dos navios dos EUA ao largo da Venezuela. Foto de Darby C. Dillon/Arquivo da Marinha dos EUA

“A Venezuela enfrenta a maior ameaça que nosso continente já viu nos últimos 100 anos. Oito navios militares com 1.200 mísseis e um submarino nuclear estão mirando a Venezuela. É uma ameaça extravagante, injustificável, imoral e absolutamente criminosa, sangrenta, absolutamente criminosa”, afirmou esta segunda-feira o Presidente venezuelano Nicolás Maduro.

O envio dos navios de guerra dos EUA para a costa venezuelana segue-se às ameaças da porta-voz do governo de Donald Trump, Karoline Leavitt, afirmando que o seu país faria uso de “toda a força” contra a Venezuela. Ameaças que se seguem ao anúncio do aumento da recompensa pela captura de Maduro para 50 milhões de dólares, com a Casa Branca a acusá-lo de liderar o “Cartel dos Sóis”, uma suposta organização criminosa que os EUA associam à liderança venezuelana das últimas décadas, e cujo nome foi inventado pela imprensa na década de 1990, numa alusão às insígnias usadas pelos generais venezuelanos.  

Também esta segunda-feira, os ministros da Comunidade dos Países Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) denunciaram reuniram de emergência para condenar a mobilização militar e pedir que as tropas estadunidenses deixem a região.

A ministra dos Negócios Estrangeiros da Colômbia, Rosa Villavicencio, disse que o respeito entre os países é a “espinha dorsal” da ordem internacional e deveria ser cumprido por todas as nações. Ela acrescentou que o direito à navegação deve ser usado por qualquer governo, mas que as declarações da Casa Branca criam um tom beligerante.

“Reconhecemos que a presença de navios de guerra em alto mar é protegida pelas liberdades de navegação garantidas pelo direito marítimo, mas também lembramos que toda atividade militar deve ser conduzida sem ameaças ou atos de força e, em segundo lugar, que o limiar entre a presença e a coerção pode ser facilmente ultrapassado quando prevalece a retórica beligerante”, afirmou a ministra, citada pelo Brasil de Fato.

A ministra colombiana reiterou que a medida estadunidense desrespeita a própria Carta das Nações Unidas e pediu que as questões envolvendo os EUA com a região sejam resolvidas por canais diplomáticos.

O seu homólogo venezuelano Yván Gil disse que a América Latina não vivia um problema tão grave na região desde a crise dos mísseis em 1960, com a ameaça de um conflito nuclear na região entre Cuba e EUA.

“Qualquer conflito armado contra a Venezuela, usando um pretexto falso como o tráfico de drogas, significaria a desestabilização completa de toda a região. Isso não é um ataque à Venezuela. O que estamos vendo é o estabelecimento de uma narrativa que ameaça toda uma região. As consequências dessa ação seriam verdadeiramente inestimáveis”, afirmou o ministro.