As eleições legislativas intercalares deste domingo na Argentina serviam para renovar mandatos de metade dos deputados e de um terço dos senadores. Milei chegava a elas com a ameaça de um descalabro económico, com as sequelas sociais das políticas de austeridade extremista, com o desemprego e o definhar do Estado social, e com os escândalos de corrupção ligados à sua irmã, figura decisiva no seu gabinete, e de um candidato a deputado ligado ao narcotráfico. Isto para além da derrota de setembro nas eleições regionais em Buenos Aires.
Eleições na Argentina
Dinheiro dos EUA será suficiente para impedir derrota de Milei?
porLuís Leiria
Por outro lado, as eleições aconteciam no quadro de um resgate financeiro dos EUA de mais de 40 mil milhões de dólares que Trump condicionava à vitória do atual presidente.
No final de contas, o resultado foi altamente positivo para Milei. O seu partido, o La Libertad Avanza, alcançou 40,7% dos votos. A coligação que se apresentava como a principal rival, o Fuerza Patria, que representa o peronismo de centro-esquerda, ficou-se pelos 34,9%. Contudo, tal não significa que Milei passe a ter a maioria absoluta que almejava.
O Provincias Unidas, uma força de centro-direita que juntava seis governadores e esperava ser o fiel da balança entre os dois polos principais, obteve apenas 7,4%.
A Frente de Esquerda, que há 15 anos junta quatro partidos de esquerda, ficou com 3,9%, ou seja, perto de 900 mil votos. Tinha em jogo quatro dos cinco lugares que detinha no parlamento. Perdeu um, mas conseguiu resistir à onda da bipolarização.
Milei celebrou a “derrota do populismo” como um “ponto de inflexão” na “construção de uma grande Argentina”. Também louvou o empréstimo de Trump como “algo sem precedentes, não apenas na história da Argentina mas na história mundial porque os EUA nunca tinham oferecido apoio de tal magnitude”. Prometeu desenvolver as “reformas que a Argentina precisa para consolidar o crescimento e a sua descolagem definitiva, para tornar a Argentina grande novamente”. Entre elas conta-se uma “modernização laboral” pensada para diminuir direitos dos trabalhadores e uma reforma fiscal para cortar impostos aos mais ricos.