Mundial 2030: Eurodeputados querem que a FIFA exclua estádios no Sahara ocupado

11 de julho 2023 - 10:53

A candidatura conjunta de Portugal, Espanha e Marrocos é a favorita para organizar o Mundial de futebol em 2030 e os marroquinos estão a construir um estádio em Dakhla, no Sahara Ocidental.

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Bandeiras espanhola, marroquina e portuguesa
Imagem publicada no site Marruecom.com

Um grupo de eurodeputados dos grupos da Esquerda, socialistas, liberais e ecologistas, entre os quais os portugueses Marisa Matias, José Gusmão, Sandra Pereira e João Pimenta Lopes, escreveram ao presidente da FIFA Gianni Infantino para que este assegure que na avaliação da candidatura tripartida de Portugal, Espanha e Marrocos “entre as sedes propostas não se inclua nenhuma situada em territórios ocupados do Sahara Ocidental”.

Os eurodeputados admitem que esta é a candidatura favorita, após a exclusão da Ucrânia, a retirada da Arábia Saudita e o apoio declarado da Confederação Africana de Futebol. O problema é que “Marrocos está a construir um grande estádio desportivo em Dakhla, localidade do Sahara Ocidental, território não autónomo pendente de descolonização segundo as Nações Unidas, ocupado ilegalmente por Marrocos desde 1975” e onde têm lugar violações de direitos humanos sistemáticas, testemunhadas por inúmeras organizações internacionais.

“A celebração de eventos internacionais, como jogos de futebol, em territórios ocupados pode contrariar o direito internacional, já que incumpriria as obrigações da potência ocupante de não explorar os recursos e a população do território ocupado em benefício próprio”, argumentam na missiva ao líder da FIFA. Além disso, a celebração de jogos do Mundial de Futebol no Sahara Ocidental “contribuiria para continuar a normalizar a adesão ilegal de facto de um território por parte de uma potência ocupante”, tornando-se assim a FIFA “cúmplice desta situação”.

Os subscritores da carta defendem que “o espírito desportivo devia ser incompatível com qualquer violação do direito internacional e dos Direitos Humanos”, pelo que apelam a Infantino que quando chegar o momento de avaliar a candidatura eventuais estádios em territórios ocupados do Sahara Ocidental sejam excluídos do Mundial de futebol.

Quando foi conhecida a participação de Marrocos na candidatura conjunta de Portugal e Espanha à organização do evento, a Associação de Amizade Portugal - Sahara Ocidental solicitou uma reunião ao presidente da Federação Portuguesa de Futebol para que este reconsiderasse a proposta, "sob pena de o Campeonato Mundial de Futebol se transformar numa ocasião privilegiada de encobrimento das violações dos Direitos Humanos cometidas pelo regime marroquino e daqueles que, conhecendo a situação, lhe dão cobertura, ficando assim o evento desportivo indelevelmente desprestigiado”.