Jorge Costa, pela moção A, defendeu que é com “abertura, convergência e clareza política” que o Bloco deve enfrentar os desafios que se avizinham. “Temos de mostrar que não há inevitáveis”, como mostrou o povo da Islândia, que “se recusou a pagar às mafias bancárias do seu país”.
Em Portugal, em contrapartida, lembrou Costa, José Sócrates foi o autor da primeira prestação do pacote de austeridade, o PEC I, que se desdobrou depois no PECII, III e IV. “Agora, o tripartido PS, PSD e CDS” vai aprofundar essa política, que promove uma “gigantesca transferência de rendimentos do trabalho para o capital”.
Os defensores do governo de unidade nacional querem promover quatro ataques, enumerou: arrasar os trabalhadores e as suas conquistas, transformar a dívida privada em dívida do Estado, usar o Estado para capitalizar o sector financeiro, e assaltar os salários e as pensões.
“Mas a história não está escrita”, afirmou, e na esquerda, a lógica do mal menor já acabou. As condições da disputa eleitoral são difíceis, mas estão em aberto, defendeu Jorge Costa, afirmando que “crescer é o que o Bloco precisa” e afirmar a sua alternativa de governo de esquerda.
João Pedro Freire, pela moção B, defendeu que o Bloco tem necessidade de apresentar os caminhos da luta contra o voto útil, afirmar-se como alternativa e defender a sua proposta de governo de esquerda. Na sua opinião, o Bloco tem-no feito muito pouco.
“O Bloco deve apelar a uma nova cultura de diálogo entre as diversas correntes de esquerda”, disse Freire, defendendo que a alternativa tem de passar pela iniciativa dos movimentos sociais. Para ele, há uma maioria social transversal que está aberta às mobilizações políticas e sociais.
João Pedro Freire defendeu que a iniciativa para a unidade do PCP e do Bloco de Esquerda deve dirigir-se transversalmente às bases sociais do PS, do PCP e do Bloco. “Teria sido preferível formar uma aliança pré-eleitoral PCP-BE, mas, diante da impossibilidade, é preciso debater nas eleições futuras convergências”. Convergências que não englobem apenas os dois partidos, mas também militantes de outras origens e personalidades independentes. A moção B defendeu ainda que o Bloco deve apresentar uma alternativa radical também a nível europeu, debatendo fraternalmente com o PCP as suas posições soberanistas.
Gil Garcia, pela moção C, evocou um filósofo (Marx) que dizia que a história se repete, primeiro como tragédia, depois como farsa. Para ele, a tragédia foi o facto de, em 2009, Sócrates, acossado pelas maiores manifestações de professores de sempre, ter conseguido ser reeleito, ainda que sem maioria absoluta. “Na época, a moção C alertou que o BE devia promover abertamente uma política de unidade de esquerda para construir um pólo alternativo e uma política de governo alternativo”. Agora, disse Garcia, por falta dessa política, Sócrates pode vir a ganhar de novo, o que seria uma farsa.
“É porque o país virou à direita?”, questionou, evocando a manifestação da geração à rasca e a greve geral para afirmar que “as pessoas não se sentem derrotadas”. Gil Garcia responsabilizou o apoio a Manuel Alegre nas presidenciais por ter contribuído para que os eleitores vissem o Bloco a apoiar o mesmo candidato que o governo. O defensor da moção C elogiou o discurso de abertura de Francisco Louçã, quando definiu o BE como partido socialista e de luta, mas as propostas que concretizassem esta definição, para ele, não surgiram. Para derrotar o FMI, defendeu, o Bloco precisa defender uma nova greve geral e promover a unidade com o PCP.
Jorge Céu, pela moção D, disse que mantém as mesmas preocupações do que há oito anos, quando a sua moção foi apresentada pela primeira vez. “A democracia interna deve ser uma prática do dia-a-dia do Bloco”, afirmou. Para ele, houve falta de democracia interna na decisão de apoio a Manuel Alegre. “Se a direcção tivesse debatido com as bases, verificaria que muita gente achava que o apoio a esse candidato era um erro”, apontando que Sócrates venceu em três campos – impôs um candidato, viu-se livre de Alegre e trouxe o Bloco para o desastre.
Falta de democracia houve também na apresentação da moção de censura, disse Céu, um dia após uma reunião da Mesa Nacional, sem que esta fosse consultada. E criticou ainda que um deputado europeu do Bloco votasse de forma oposta à política do Bloco, contrária à intervenção militar da Nato na Líbia.
Entre as propostas da sua moção, defendeu o apoio ao movimento dos jovens precários, promovendo a sua participação em listas, como independentes. Outro aspecto foi a crítica e denúncia das Parcerias Público-Privadas (PPP).