Cuba desmantela rede russa que recrutava mercenários para a guerra

06 de setembro 2023 - 11:42

O Ministério do Interior cubano refere que o alvo da rede são cidadãos cubanos residentes na Rússia, mas também em Cuba. E reafirma que o país não faz parte do conflito na Ucrânia.

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bandeiras de Cuba e Rússia
Foto Ministério dos Negócios Estrangeiros de Cuba

Em comunicado divulgado na segunda-feira, o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Cuba diz que o Ministério do Interior descobriu e começou a desarticular "uma rede de tráfico de pessoas que opera a partir da Rússia para incorporar cidadãos cubanos ali radicados, e mesmo alguns de Cuba, nas forças militares que participam em operações de guerra na Ucrânia".

Embora não refira quantos seriam  os mercenários recrutados dentro de Cuba, o Ministério diz que conseguiu neutralizar essas tentativas e "foram instaurados processos penais contra pessoas envolvidas nestas atividades".

O governo cubano realça que tem "uma firme e clara posição histórica contra o mercenarismo e desempenha um papel ativo nas Nações Unidas de repúdio desta prática, sendo autor de várias das iniciativas que se aprovam nesse fórum". Por outro lado, denuncia que "os inimigos de Cuba promovem informações distorcidas que procuram manchar a imagem do país e apresentá-lo como cúmplice destas ações, que rejeitamos categoricamente".

E destaca ainda que "Cuba não faz parte do conflito bélico na Ucrânia", pelo que "está a agir e agirá de forma enérgica" contra os que procurem recrutar cidadãos cubanos para "fazer uso das armas contra qualquer país".

Segundo o Guardian, o jornal regional russo Ryazan Gazette noticiou em maio que "vários cidadãos cubanos" se tinham juntado às forças russas que combatem na Ucrânia. A invasão deste país pelas tropas russas não esfriou as relações entre Havana e Moscovo, que tem procurado reforçar laços comerciais com a ilha.

Em abril, Cuba foi um dos pontos de passagem na ronda de visitas do chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, a vários países da América Latina que não aderiram às ações com vista ao isolamento económico da Rússia. E no final de junho, os ministros da Defesa dos dois países reuniram em Moscovo, com Serguéi Shoigú a afirmar que "os amigos cubanos" são o aliado mais importante na região e que mostraram "inteira compreensão das razões para lançar a operação militar na Ucrânia".

Poucos dias depois deste encontro, foi reposta a ligação aérea direta regular entre os dois países, interrompida pela pandemia e pelas restrições dos países europeus após a invasão da Ucrânia, com o vice-primeiro-ministro russo Dmitri Chernyshenko a prever superar o número de viagens pré-pandemia e alcançar a fasquia de 150 mil cidadãos russos por ano a visitar Cuba.

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