Na apresentação da coligação Futuro em Comum entre Bloco de Esquerda, Livre e PAN que se candidata nestas eleições autárquicas a Cascais, este domingo, Mariana Mortágua começou por sublinhar a importância deste acordo nos “tempos de transformação” que vivemos.
A coordenadora bloquista considera que esta mudança “é surreal, quase inacreditável” e “intensa”. O maior exemplo desta intensidade, indica “é a facilidade e a rapidez com que o PSD e uma parte do Partido Socialista aceitou governar com os pressupostos e com as ideias da extrema-direita”. Apresentou como exemplos, “a facilidade com que o governo do PSD aceitou substituir as ideias, as propostas sobre serviços públicos, a narrativa sobre Estado Social pelo combate à imigração e colocou a imigração no centro do debate como se fossem os imigrantes a causa de todas as falhas no Estado Social e nos Serviços Públicos”; “a forma como o governo aceitou falar sobre o suposto problema das ocupações de casas em vez de falar sobre o problema da habitação, sobre o problema das casas vazias, sobre o problema do alojamento local, do excesso de turismo”; “a forma como o governo aceitou falar sobre incendiários responsáveis por fogos florestais, em vez de falar sobre alterações climáticas, sobre transformações do território”.
A deputada bloquista sabe que a direita não faz isto porque queira resolver os problemas da saúde, serviços públicos, habitação, abandono do território mas “porque se quer manter no poder”, sendo assim “uma política meramente oportunista”. Só que “na verdade, não passam de fantoches da história. Não contam para nada. Seguem o vento da história, independentemente das consequências daquilo que estão a defender”.
Ao mesmo tempo, “o Chega não tem que ter ministros para a extrema-direita chegar ao poder. Basta que os ministros do PSD sejam intérpretes da política da extrema-direita”. Pelo que “extrema-direita vai avançando, coloniza o pensamento, coloniza o debate público, o debate das alternativas”.
Face a isto, afirma, “nós que aqui estamos e que nos encontramos, queremos resistir”. Mas também “queremos fazer mais do que isso, mudar o sentido do vento, mudar o curso do rio”. Para fazê-lo é preciso “juntar forças. juntar partidos, juntar movimentos sociais, juntar independentes, juntar sociedade civil” e criar “um programa, um projeto de governo para a comunidade, de transparência, um projeto de país, política que ponha o bem-estar das pessoas, a vida boa, no centro da política e não o lucro, e não o crescimento a todo custo, e não as oportunidades de negócio de uma pequena elite”.
Esse “outro programa” é “difícil de imaginar”mas o desafio “é começar por uma escala mais pequena”. E Cascais, considera, seria um começo: “vamos fazer de Cascais a nossa utopia, porque para mudar o curso da história e não apenas resistir, nós precisamos muito de utopia”.
Alexandre Abreu quer alternativa democrática, ecologista, progressista em Cascais
Na mesma sessão, Alexandre Abreu, o cabeça de lista à Câmara de Cascais pela coligação Futuro em Comum, explicou que o projeto é “constituir uma alternativa política democrática, ecologista, progressista ao atual estado de coisas em Cascais”.
Autárquicas 2025
Coligação “Futuro em Comum” candidata Alexandre Abreu à Câmara de Cascais
De entre as muitas causas que trazem para esta campanha, sublinhou a questão ambiental, nomeadamente “os desmandos” na Quinta dos Ingleses e na expansão do Aeródromo de Tires “que tanto afeta a qualidade de vida das populações circundantes”, o tema da habitação, já que “Cascais tem das casas e das rendas mais caras do país” e “a resposta é muito insuficiente, muito lenta”, e ainda a questão da relação com os cidadãos. Neste aspeto, o cabeça de lista acredita que “a Câmara tem de ser muito mais dialogante, menos autoritária, menos arrogante do que tem sido”.
Questionado sobre a possibilidade de incluir o Partido Socialista nesta coligação, esclareceu que “aqui em Cascais, a visão do PS para o concelho afasta-se muito daquilo que é o centro comum da visão desta coligação”. Sendo as diferenças “demasiado grandes” não houve, de parte a parte, “disponibilidade para procurar aprofundar ou procurar colmatar essas diferenças”.