A revista Sábado e a CNN Portugal dão conta esta terça-feira que o destino da “averiguação preventiva” a Luís Montenegro será diferente da que o Procurador Geral da República abriu na mesma altura ao anterior líder do PS. No caso de Pedro Nuno Santos, os investigadores viram dissipadas as dúvidas levantadas pela denúncia anónima recebida sobre o seu património imobiliário e a averiguação acabou arquivada.
Transparência
Montenegro recorre ao TC para não entregar provas dos trabalhos da Spinumviva
No caso de Luís Montenegro, tudo indica que será mesmo aberto um inquérito criminal que permita aos investigadores terem instrumentos - por exemplo a quebra do sigilo bancário - para deslindar as relações entre Montenegro e os clientes da sua empresa e destes com a empresa de construção envolvida na obra da sua casa em Espinho.
A CNN Portugal diz que para a ponderação de abrir um inquérito “pesou a qualidade e a consistência das denúncias apresentadas, altamente pormenorizadas em alguns casos”. A revista Sábado diz que na mira da investigação estão também as férias de Montenegro em 2024 no Brasil, cujas despesas poderão ter sido faturadas na empresa do já então primeiro-ministro. O que só poderá ser confirmado através do acesso às contas e às faturas emitidas. Em comunicado divulgado ao início da noite e citado pela TVI, o Procurador-Geral da República diz que a averiguação preventiva não está ainda encerrada e que não recebeu nenhuma recomendação sobre o seu destino.
Quando foi conhecida a existência desta empresa que Montenegro abriu quando deixou a sociedade de advogados, o primeiro-ministro começou por dizer aos deputados que a sua finalidade era gerir o património familiar herdado dos pais. Mas depois soube-se que também prestava serviços de proteção de dados a algumas empresas clientes do seu antigo escritório ou onde o próprio Montenegro desempenhara funções nos órgãos sociais. E também se viria a saber que fazia consultoria a outras empresas, como a gasolineira de Braga do pai do atual candidato do PSD à autarquia, João Rodrigues, por sua vez casado com uma das juristas que prestam serviços em nome da Spinumviva.
A crise política levantada pelas explicações e omissões de Luís Montenegro levaria à queda do Governo, mas a abertura da “averiguação preventiva” poupou o primeiro-ministro a ser alvo de um inquérito-crime, justamente a razão que levou à demissão do seu antecessor. Depois de vários adiamentos de uma averiguação que Amadeu Guerra dizia esperar ser rápida, resta saber se a haver mesmo um inquérito-crime e consequentes buscas à residência e escritórios de Montenegro, este seguirá o exemplo de António Costa.