As negociações entre Estados Unidos e Ucrânia sobre a proposta de um cessar-fogo imediato na guerra chegaram a bom porto na Arábia Saudita, com o governo de Kiev a aceitar um cessar-fogo válido por 30 dias e renovável por acordo entre os beligerantes. A proposta vai mais longe do que o cessar-fogo parcial pretendido inicialmente pelos ucranianos e significa na prática o congelamento das hostilidades ao longo dos quase três mil quilómetros da frente de guerra.
“Consideramos que se trata de um passo positivo e estamos prontos para o dar”, afirmou Zelensky. “Agora, cabe aos Estados Unidos convencer a Rússia a fazer o mesmo. Se a Rússia concordar, o cessar-fogo entrará em vigor imediatamente”. Para já, o governo ucraniano obtém em troca o restabelecimento da assistência militar dos EUA, nomeadamente a partilha de informações que tinha sido suspensa nos últimos dias, ainda no rescaldo da troca de acusações em público durante a visita do presidente ucraniano à Casa Branca.
Também o acordo sobre as terras raras, que dá aos EUA uma fatia de 50% das receitas da sua venda e que Trump afirma ser a melhor garantia de segurança para os ucranianos, poderá agora ser desbloqueado. O presidente dos EUA já disse estar pronto a receber novamente Zelensky e espera falar com Vladimir Putin ainda esta semana.
Antes disso haverá comunicações entre diplomatas de Washington e Moscovo, que já lançou avisos, pela voz do líder da comissão de assuntos internacionais do Conselho da Federação, a câmara alta do Parlamento russo, de que os termos da paz serão ditados pela Rússia e não pelos EUA. Citado pelo Guardian, Konstantin Kosachev acrescenta que “isto não é gabarolice, é compreender que os verdadeiros acordos ainda estão a ser escritos lá, na frente [de batalha]. Coisa que também deveriam compreender em Washington”. Por seu lado, o ministro dos Negócios Estrangeiros Sergei Lavrov, disse numa entrevista que Moscovo nunca aceitará a presença de tropas da NATO na Ucrânia.
O anúncio deste acordo não fez parar os ataques de ambos os exércitos. Depois de intensificar os ataques aéreos no fim de semana a várias cidades ucranianas, a Rússia diz estar a conseguir avanços para expulsar as tropas ucranianas da região de Kursk, enquanto a Ucrânia respondeu com o maior ataque de drones sobre Moscovo desde o início da guerra.