Em conferência de imprensa realizada na sede do Bloco de Esquerda ao final da manhã de quinta-feira, Fabian Figueiredo condenou o silêncio do Ministério dos Negócios Estrangeiros português, que não respondeu ao pedido de audiência urgente enviado pelo Bloco nem informou as famílias dos três ativistas portugueses da flotilha humanitária para Gaza que foram capturados em alto mar pelos militares israelitas.
“Israel deteve de forma ilegal três cidadãos portugueses, cujo paradeiro desconhecemos”, afirmou o dirigente do Bloco, acrescentando que essa informação “devia estar a ser prestada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, que dirige a diplomacia portuguesa”. Mas até agora “a única informação que dispomos é a que o Ministério dos Negócios Estrangeiros israelita publica nas redes sociais”, lamentou.
Fabian Figueiredo contrastou a atitude de Paulo Rangel com a do Presidente da República, “que tem sido inexcedível” e por isso merece o cumprimento do Bloco de Esquerda. Ao contrário de Rangel, Marcelo Rebelo de Sousa respondeu ao pedido do Bloco e irá reunir-se com o partido às 14h.
Além de voltar a pedir que o Ministério dos Negócios Estrangeiros dê informação às famílias e ao Bloco de Esquerda que tem a sua coordenadora e deputada eleita entre os detidos, Fabian Figueiredo disse ter dificuldade em compreender as palavras do primeiro-ministro, que não responsabilizou Israel pela captura ilegal dos ativistas e se demarcou da ação da flotilha. O dirigente bloquista teria preferido que Montenegro “tivesse a mesma atitude do governo espanhol ou irlandês, que disse esta manhã que a flotilha traz uma nova luz ao mundo”.
Ao contrário do que afirmou o primeiro-ministro, “Israel não é um parceiro de Portugal porque Portugal vincula-se ao direito internacional humanitário, que Israel incumpre todos os dias com o bloqueio ilegal a Gaza, a morte de civis, quando não deixa jornalistas internacionais entrar na Faixa de Gaza, quando não permite que uma missão humanitária entre em Gaza”, prosseguiu Fabian Figueiredo.
O dirigente bloquista quis também sublinhar que “a flotilha em momento algum tentou entrar em águas marítimas israelitas. Isso é uma mentira. A flotilha tentou entrar em água palestinianas, como ainda esta manhã a Autoridade Palestiniana voltou a recordar, para levar ajuda humanitária a Gaza”.
Recordando que ainda na véspera a ONU dizia que “o mundo está a falhar às crianças de Gaza”, Fabian Figueiredo lamentou que os governos não façam o suficiente para quebrar este cerco ilegal e garantir que a ajuda humanitária chegue a Gaza. Por isso considera que os ativistas agora detidos por Israel “são um exemplo de coragem, ao mostrarem que quando os governos falham cabe à sociedade civil intervir” e são também “a voz da consciência do mundo, da larga maioria da população portuguesa que quer que este teatro de horrores chegue ao fim”.