Extrema-direita

Capítulo apagado do RASI: Governo não vai abrir inquérito e desresponsabiliza-se

22 de maio 2025 - 17:37

Governo nega incoerência entre declarações da ministra da Administração Interna e as informações do próprio Sistema de Segurança Interna e desresponsabiliza-se sobre o facto de a versão final não ter capítulo sobre ameaças de extrema-direita.

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Margarida Blasco
Margarida Blasco. Fotografia de Grupo Parlamentar do Partido Social Democrata/Flickr

Em resposta às perguntas feitas pelo Bloco de Esquerda, o gabinete de Luís Montenegro assumiu que não vai abrir um inquérito ao facto de um capítulo inteiro ter sido apagado do Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) de 2024.

Entre a versão inicial do documento apresentada pelo Governo e a versão entregue à Assembleia da República, o capítulo “Extremismos e Ameaças Híbridas” desapareceu. Era uma secção que dava conta de uma organização de extrema-direita internacional que atua em Portugal com um “chapter” nacional e que já foi alvo de sanções financeiras noutros países devido ao incitamento e financiamento de terrorismo.

O Bloco de Esquerda tinha questionado o primeiro-ministro sobre a razão pela qual o capítulo tinha sido retirado do relatório e sobre um eventual inquérito interno a apurar quem deu a ordem para suprimir essa secção. Mas o Governo limitou-se a dizer que “não equaciona abrir qualquer inquérito sobre esta matéria”, e desresponsabilizou-se dizendo que as decisões tomadas pelo Gabinete Coordenador de Segurança “foram resultado da discussão entre os elementos que o integram”. É ainda apontado que “o documento final foi validado e aprovado em Conselho Superior de Segurança Interna, tendo esse processo seguido os trâmites exigíveis e regulares”.

Mas o grupo parlamentar bloquista colocou também o dedo na ferida das declarações da ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, que afirmou não conhecer qualquer outra versão do RASI de 2024 apesar de o Sistema de Segurança Interna ter reconhecido a existência de uma “versão de trabalho”. Mais tarde soube-se também que a ministra participou na reunião em que foi decidido retirar esse capítulo do RASI 2024.

Relativamente à organização de extrema-direita em si, os Blood & Honour, o Governo disse estar a “acompanhar de perto todos os fenómenos que ponham em causa a segurança interna”, sem fornecer mais informações.

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