Um grupo de cidadãos avançou com uma ação em tribunal contra o corte de 170 árvores na Estrada Nacional 114 entre Rio Maior e Caldas da Rainha. A Infraestruturas de Portugal alega que o corte, que se enquadra num plano iniciado em fevereiro, melhorará a circulação e a segurança mas o grupo de cidadãos contesta e quer defender o “património arbóreo”.
À Lusa, Júlio Ricardo, representante deste grupo de cidadãos, explica que nesta estrada nacional, na ligação entre Rio Maior e Santarém, já foram cortadas “cerca de 470 árvores entre carvalhos, sobreiros, cedros, aciprestes, freixos” no espaço de 15 quilómetros.
Neste caso, os cidadãos foram “confrontados com o facto consumado”. Agora, perante marcação de árvores no troço entre Rio Maior e as Caldas da Rainha, insurgiram-se, criaram um grupo de trabalho, apresentaram queixas ao Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas e ao Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente, elaboraram uma carta aberta e, finalmente, decidiram avançar com uma ação popular.
Para eles, a pretensão da IP é “um crime ambiental” que atenta contra quase duas centenas de árvores, “a maioria carvalhos e cerca de 20% sobreiros” mas também “freixos, adernos e espinheiras de grande porte”. Algumas delas têm mais de cem anos e há carvalhos “com um diâmetro de três metros” marcados para abate.
A IP escuda-se num “parecer técnico da especialidade para avaliação das necessidades de intervenção”, fala em interferência com “equipamentos de sinalização e segurança” e invasão de “bermas e sistemas de drenagem”. Diz ainda que as árvores são “fatores de perda de biodiversidade” porque, alega, “55% das árvores alvo de intervenção respeita a espécies invasoras, nomeadamente acácias e aliantos”. De acordo com a empresa, para compensar, “está prevista a plantação de árvores em vários concelhos do distrito de Santarém”.
A medida não convence o movimento de cidadãos que fala em “arboricídio” e afirma que IP quer plantar “mas não planta árvores com 100 anos”.