O Bloco de Esquerda quer discutir o Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) de 2024 no parlamento, com a presença do Governo. Mariana Mortágua apelou ao Presidente da Assembleia da República para que, no contexto do ataque neonazi à frente do Teatro A Barraca, em Lisboa, se aborde a eliminação do capítulo sobre “Extremismos e Ameaças Híbridas” do RASI.
Na comunicação a José Aguiar Branco, a deputada do Bloco de Esquerda salienta que, segundo descrição da encenadora Maria do Céu Guerra, o episódio de violência foi protagonizado por um grupo de 30 pessoas que envergavam símbolos de extrema-direita, e que acabaram por agredir o ator Adérito Lopes, que foi hospitalizado.
Extrema-direita
O grupo que foi apagado do RASI é suspeito das agressões n'A Barraca
“Há muito que o Bloco de Esquerda denuncia a ação perigosa de grupos de extrema-direita que atacam e procuram intimidar profissionais da cultura, profissionais de saúde e ativistas sociais e políticos que defendem os direitos humanos”, lê-se.
Mariana Mortágua considera que as atuações da extrema-direita “não estão a ter o tratamento que deviam por parte dos poderes públicos” e recorda que “foi apagado do Relatório Anual de Segurança Interna de 2024 o capítulo no qual era tratado o problema da segurança pública provocado por estes grupos”.
Mas “ainda hoje continua por explicar por que razão esse capítulo não aparece na versão oficial que chegou ao Parlamento”, denuncia a coordenadora do Bloco de Esquerda. O Ministério da Administração Interna respondeu às perguntas colocadas pelo partido sobre a eliminação deste capítulo dizendo desconhecer “em absoluto a existência de qualquer outra versão” que “não seja a versão oficial”.
Originalmente, a versão do RASI 2024 enviada aos jornalistas continha um capítulo que apontava o perigo do grupo de extrema-direita "Blood & Honour", o braço português de uma organização neonazi internacional. É precisamente esse grupo que agora é suspeito de ter levado a cabo o ataque em Lisboa, no passado dia 10 de junho.