Algarve

Enfermeiros denunciam situações de burnout

18 de julho 2025 - 10:17

A chegada do Verão agrava o que já é “cada vez mais evidente” durante todo o ano. Os enfermeiros do Algarve estão exaustos e faltam profissionais para assegurar o direito à saúde. O sindicato estima que faltam 1.500 enfermeiros em toda a região.

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Enfermeiros em protesto.
Enfermeiros em protesto. Foto de João Manuel Ribeiro/Lusa.

O Sindicato dos Enfermeiros denuncia que a “situação de bournout das equipas de enfermagem” “se torna cada vez mais evidente” e que faltam milhares de enfermeiros, o que é agravado com a chegada do Verão.

Critica-se o “deixa andar” da administração e do Ministério da Saúde na não contratação de enfermeiros desde setembro de 2024 até junho de 2025 é uma vergonha e explica-se que “não abrem e resolvem as Bolsas de recrutamento em tempo útil” e se recusam candidaturas espontâneas, “remetendo as contratações exclusivamente para concursos (mais moroso e burocrático)”.

Para além disso, não são contratados enfermeiros ao abrigo do Plano de Contingência de Verão mas “contratam encarregados de setor, sem qualquer contrato e sem formação, com salários que dificilmente será possível explicar… e demitindo quem questiona gastos para os quais não existe explicação”.

Já no início do mês, noutro comunicado, o SEP deixava claro que “os enfermeiros da ULS Algarve não aguentam mais” e que o “agravamento da carência é responsabilidade da Administração e do Ministério da Saúde”.

Nessa altura, o sindicato tinha calculado que faltavam 1.500 enfermeiros, de acordo com o Regulamento das Dotações Seguras da Ordem dos Enfermeiros, sublinhando que esta carência de enfermeiros “tem-se agravado nos últimos anos, com implicações diretas na qualidade e segurança dos cuidados prestados à população e na saúde física e mental dos enfermeiros”.

Explicava-se que “é recorrente os enfermeiros terem que seguir turnos para colmatar a ausência de outros que, por problemas de saúde, se viram na contingência de, justificadamente, se ausentar por baixa médica”, que há serviços “onde deveriam estar onze enfermeiros numa manhã e que apenas estão sete a oito, ou em que no turno da manhã cinco enfermeiros asseguram os cuidados a 40 doentes internados. Nos turnos da noite ainda é pior.

De acordo com as contas do SEP, o rácio de enfermeiros para habitante na ULS Algarve é de 4,8 enfermeiros para mil habitantes. No conjunto do país é de 7,9. A média da OCDE é de 9.

Os enfermeiros assinalam ainda a “falta de recursos materiais fundamentais ao exercício profissional, com forte impacto na prestação de cuidados, na dignidade dos doentes e na responsabilidade ética e legal dos Enfermeiros”.

Dizer recusar-se a “banalizar o risco de erro por excesso de trabalho e pela falta de condições” e a “serem cúmplices da deterioração do SNS”. Daí responsabilizarem nomeadamente a administração da ULS Algarve “pelo caos que se vive nos serviços e por todas as situações que possam vir a ocorrer”.