Loures

Institutos religiosos apelam à suspensão imediata dos despejos sem alternativa

07 de julho 2025 - 12:42

Em reação aos despejos em Loures, a Comissão Justiça, Paz e Ecologia da Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal defende a implementação urgente de soluções de alojamento de emergência que respeitem os direitos, a dignidade e as circunstâncias de cada agregado familiar.

PARTILHAR
Ricardo Leão
Ricardo Leão, presidente da Câmara de Loures. Foto publicada na página Facebook da autarquia

Na semana passada, a Câmara de Loures avançou com a demolição de dezenas de casas autoconstruídas no Bairro do Talude Militar, deixando dezenas de famílias sem teto. Ao mesmo tempo, a autarquia presidida pelo autarca do PS Ricardo Leão colocou 400 inquilinos dos bairros municipais sob ameaça de despejo por atraso no pagamento de rendas.

Em comunicado, a Comissão Justiça, Paz e Ecologia da Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal (CJPE-CIRP) pronuncia-se sobre os despejos levados a cabo pela autarquia de Loures e em particular a situação de 400 famílias dos bairros municipais com rendas em atraso e que enfrentam a ameaça de despejo. Embora saúde a iniciativa da autarquia com a ativação recente do programa Porta de Entrada para os moradores da Rua Marinhas do Tejo, em Santa Iria da Azóia, a comissão sublinha que é importante ter em atenção “a dificuldade que muitos inquilinos apresentam na compreensão e na reação adequada face aos processos administrativos do município e “o direito constitucional à habitação” e a uma vida digna.

“Não se pode colocar todo o ónus nos inquilinos, sobretudo em alguns casos, após tantos anos de dívida, num contexto de agravadas dificuldades — após uma pandemia, um apagão e em plena crise internacional —, que nos afeta a todos”, prossegue a CJPE-CIRP, reclamando “uma abordagem sensível e colaborativa, que inclua alternativas como renegociações mais flexíveis, perdões parciais de dívida em casos de extrema necessidade ou programas específicos de apoio social”.

Recordando que a lei portuguesa “é clara” ao proibir despejos sem alternativa habitacional digna, a comissão afirma que “não há justiça numa legalidade que, num contexto de crise como o que vivemos, despeja os mais vulneráveis sem assegurar um acompanhamento e proteção apropriados”.

Habitação

Ana Paula, vítima da crise da habitação

20 de março 2025

Por essa razão, considera urgente interromper imediatamente os despejos que não assegurem uma solução habitacional digna, aplicar o programa Porta de Entrada a todas as situações a que este programa seja aplicável e criar e implementar soluções de alojamento de emergência — evolutivas, participadas e, se possível, autoconstruídas e/ou socialmente produzidas — para evitar que famílias fiquem na rua enquanto aguardam um realojamento público que tende a ser previsivelmente muito demorado.