Redes sociais

Lóbista de Orbán apanhado a fazer campanha no X pela extrema-direita em França

04 de julho 2025 - 11:22

Agência de comunicação ligada ao governo húngaro financiou em 2024 e 2025 a promoção de conteúdos na rede social X com um público-alvo de utilizadores sensíveis a palavras-chave políticas ligadas à direita, um tipo de publicidade que as leis francesa e europeia não permitem.

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Viktor Orbán e Marine Le Pen
Viktor Orbán e Marine Le Pen. Foto publicada nas redes sociais do primeiro-ministro húngaro.

Segundo a notícia avançada pelo Mediapart a partir de dados revelados pela ONG AI Forensics, especializada na análise de algoritmos das plataformas digitais, no último ano houve uma campanha direcionada aos utilizadores franceses da rede social X para favorecer a União Nacional, o partido de Marine Le Pen e Jordan Bardella, paga por uma agência de comunicação que trabalha para o regime de Viktor Orbán.

Os dados consultados pela ONG expõem como os conteúdos da conta Brussels Signal foram difundidos em grande escala através de publicidade paga à plataforma detida por Elon Musk, com o público-alvo a ser escolhido com critérios políticos, o que nem a lei francesa nem a europeia permitem.

Em resposta ao Mediapart, um porta-voz da rede social X afirmou que ela “não autoriza a publicidade política na União Europeia”. Mas isso não impediu  empresa Remedia Europe, dona da conta Brussels Signal, de pagar campanhas em França direcionadas a utilizadores através de palavras-chave como “Le Pen”, “Trump”, Rassemblement National”, Bardella” ou “Otan”.

Entre os conteúdos promovidos em França para favorecer o partido de Le Pen esteve uma entrevista dada em novembro do ano passado por um dirigente, Philippe Olivier, com uma linha de discurso crítica da UE e prevendo que o partido estaria no poder no fim deste ano. A campanha de promoção da mensagem através do uso de palavras-chave políticas e de critérios de localização ligados a círculos onde a extrema-direita é maioritária, permitiu ao post chegar aos dois milhões de visualizações.

O fundador da agência que pagou a campanha é Patrick Egan, lóbista residente em Budapeste e que trabalhou para o governo húngaro, nomeadamente para desenvolver a estratégia de comunicação do executivo de Orbán a nível internacional. Terá sido nesse âmbito que criou em 2023 a sua agência de informação Brussels Signal com o fim de propagar um “contra-discurso” sobre a União Europeia. Egan não respondeu às questões colocadas pelo Mediapart.