Numa intervenção no parlamento alemão, Annalena Baerbock, a ministra dos Negócios Estrangeiros alemã, dos Verdes, justificou os ataques do exército israelita contra civis em Gaza. A governante declarou que “auto-defesa significa não apenas atacar terroristas mas destruí-los”. Assim, “quando os terroristas do Hamas se escondem pro detrás de pessoas, de escolas… os locais civis perdem o seu estatuto protegido porque os terroristas abusam dele”. Esta posição, assegurou, é a do Estado alemão.
Na rede social X, Francesca Albanese, relatora especial da ONU para a Palestina, reagiu manifestando-se “profundamente preocupada com a posição que a Alemanha está a assumir” e “as suas perigosas implicações e consequências”. A especialista afirma que a governante alemã “deveria ser convidada a fornecer provas do que afirma, e depois explicar como “os objetos civis perdem o estatuto de proteção”, o que é uma forma de “justificar os massacres que Israel está a cometer em Gaza e noutros locais”.
Albanese alertou ainda que o apoio da Alemanha a “um Estado que comete crimes internacionais é uma escolha política mas também tem implicações jurídicas”, apelando a “que a justiça prevaleça onde a política falhou de forma vergonhosa”.
As declarações da ministra chegam um dia depois das imagens chocantes de palestinianos a serem queimados vivos no pátio de um hospital e cerca de uma semana depois do chefe do seu governo, o social-liberal Olaf Scholz, ter garantido que mais armas alemãs chegarão em breve a Israel.
O chanceler alemão respondia assim às críticas dos seus adversários internos conservadores sobre atrasos na entrega de armas ao exército sionista, assegurando no Parlamento que “fornecemos armas e iremos fornecer armas” e que a chegada a Israel de mais armas voltaria a acontecer “em breve”.
Os conservadores estão a utilizar ainda as estatísticas sobre exportações de armas para Israel na tentativa de provar que haveria pouco empenho do atual executivo no apoio ao Estado sionista. Os dados do Ministério da Economia mostram oscilações neste tipo de vendas. Este ano, até 21 de agosto, terão sido vendidas armas no valor de 14,5 milhões de euros. A direita alemã compara este valor com o ano passado, no qual as exportações de material militar tinham atingido 326,5 milhões. Só que esse valor tinha sido um aumento de dez vezes relativamente ao que tinha acontecido em 2022. O Governo alemão garante continuar empenhado em emitir as necessárias licenças de exportação e que a diminuição não corresponde a qualquer tipo de boicote, dependendo os valores do número de pedidos que são feitos e das decisões que são tomadas caso a caso.