Lisboa

Ministro confirmou que foi Moedas a desistir da proposta para acolher sem-abrigo

17 de outubro 2024 - 11:36

António Leitão Amaro disse aos deputados que o Hospital Militar de Belém estava pronto para acolher as pessoas que dormiam junto à Igreja dos Anjos. Moedas escolheu mandá-los para hostéis sem apoio na véspera de discursar no 5 de Outubro.

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Leitão Amaro e outdoor da campanha de Moedas

O mistério do desaparecimento da promessa do Governo feita antes do verão para dar uma solução de emergência às pessoas em situação de sem-abrigo junto à igreja dos Anjos, em Lisboa, foi explicado esta quarta-feira aos deputados. Na sua resposta ao líder parlamentar bloquista Fabian Figueiredo, o ministro da Presidência explicou que o Hospital Militar de Belém estava pronto para servir de acolhimento temporário e que terá sido o executivo de Carlos Moedas a recusar essa hipótese.

No final de setembro, na entrevista ao Público e à Rádio Renascença onde acusava a “extrema-esquerda” de “manter as pessoas [em situação de sem-abrigo] naquela situação como arma política”, Carlos Moedas tentou passar as culpas para o presidente da Junta de Freguesia da Ajuda, eleito pelo PS, dizendo que este “também não quer as pessoas em situação de sem-abrigo ali”. “Muitas vezes, pergunto-me: será que o PS quer resolver a situação? É que eu quero resolver a situação”, vitimizava-se Moedas numa altura em que, segundo diz agora o ministro Leitão Amaro, já teria recusado a solução temporária que aquela instalação permitia para as dezenas de pessoas a dormir em tendas nos Anjos.

Na sua resposta ao Bloco de Esquerda, Leitão Amaro confirmou também esta estratégia de passa-culpas do autarca, ao afirmar que “o presidente da Câmara ouviu os apelos da população, que não queria localizar aquilo ali”. Mas insistiu que a proposta do Governo incluía “a possibilidade de aquilo se transformar num centro intergeracional”, que é reclamado pela população da freguesia. “Da parte do Governo, houve a disponibilidade para fazer. Preparámos o protocolo, adequámo-lo a evolução futura para um de centro intergeracional, o que implicava negociação adicional com condições financeiras”, acrescentou o ministro sobre aquele imóvel que pertence ao Ministério da Defesa.

Mal foi conhecida a explicação do ministro, a vereadora bloquista Beatriz Gomes Dias questionou Carlos Moedas sobre a razão para ter desistido desta solução de acolhimento temporário, optando por uma “situação precária e sem apoio social em hostéis em Arroios”. Para a vereadora do Bloco, Moedas “instrumentalizou as pessoas sem-abrigo para poder anunciar no seu discurso de 5 de Outubro que ‘resolveu a situação’”.

A vereadora insiste ainda, agora em requerimento escrito, no pedido para visitar os hostéis onde se encontram as dezenas de pessoas retiradas da igreja dos Anjos, para verificar as condições de acolhimento. Um pedido feito diversas vezes na última semana e que ainda não teve resposta.

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