Mariana Mortágua entrou esta terça-feira na campanha eleitoral depois de ter sido sequestrada pelas forças armadas sionistas junto com os outros participantes da flotilha humanitária. Com vontade de se focar nos problemas do país e nas questões autárquicas, quis encerrar o assunto fazendo um agradecimento público ao cônsul e à embaixadora em Israel. Agradecimento não extensível ao Governo, dadas as suas ações políticas relativamente à Palestina e as suas declarações sobre a Flotilha.
O dia de campanha ficou marcado pelo anúncio de Luís Montenegro do aumento do complemento solidário para idosos em 40 euros para o próximo ano e pelas declarações de Pedro Passos sobre o PSD deixar de ter “linhas vermelhas” em relação à extrema-direita. Sobre o primeiro tema, disse que o anúncio é eleitoralista.
Sobre o segundo, começou por destacar que “o Chega consegue ser tudo, consegue ser oposição ao Governo, consegue ser muleta de Governo, consegue negociar com o Governo”. A coordenadora bloquista considerou “talvez irónico” que as declarações do ex-governante que “cortou nas pensões” coincidam com o anúncio do atual chefe de governo “conquistar mais uma vez os mais idosos do país, os mais pobres, e fazendo-os esquecer aquilo que o PSD os fez sofrer no passado, nesses tempos em que André Ventura e Passos Coelho estavam juntos com Luís Montenegro no PSD”.
Para Mariana Mortágua, “as políticas de direita não trazem nada para o país, venham elas do Chega ou do PSD”. O que também se manifesta a nível local, afirmou, puxando pelo tema central da ação de campanha na estação de comboios de Leiria:“não os vemos aqui a falar sobre a requalificação da linha do Oeste, sobre a importância do Intercidades que ligue a Leiria ao resto do país, sobre a crise da habitação e como é que vamos combater o facto dos jovens não poderem hoje ir à universidade porque não conseguem pagar uma renda de uma casa, não os ouvimos falar sobre o país e sobre os problemas reais”.
“A oeste nada de novo” e a luta pelo transporte público
Ao seu lado, Isabel Mendes Lopes, co-porta-voz do Livre, também destacou a questão da mobilidade, que é uma questão “de liberdade e de qualidade de vida” num “concelho onde os transportes públicos não servem verdadeiramente às pessoas” e que assim aumenta “a desigualdade entre as pessoas que têm acesso a um carro e as que estão cativas do transporte público e que perdem muito mais horas”.
Para ela, “o transporte público é a forma de transporte mais democrática e tem de ser a melhor alternativa”, o que é igualmente “uma questão de qualidade de vida nas cidades”.
José Peixoto, candidato à Câmara de Leiria pela coligação Avançar Leiria, que junta Bloco, Livre e PAN, também critica o abandono da linha ferroviária, “uma das maiores pechas que tem Leiria a nível de transporte e mobilidade”.
Invocou ainda a referência “a Oeste nada de novo” e lembrou a petição sobre o assunto levada à Assembleia da República em que os partidos que a tinham assinado localmente juntaram contra ela nacionalmente.
O cabeça de lista à Assembleia, Frederico de Moura Portugal, corrobora a prioridade na mobilidade, acrescentando os problemas do resto dos transportes públicos em Leiria. No concelho “há uma ínfima minoria de pessoas que opta pelo transporte público e há uma razão clara para isso, é que o transporte público em Leiria tem pouca qualidade, chega a poucos lados e tem maus horários”, descreve. Isto acontece, a seu ver, porque “a Câmara de Leiria desistiu do concelho quando entregou os transportes públicos ao Grupo Barraqueiro”.