Desde sexta-feira que há protestos nas ruas contra a repressão anti-imigrantes em Los Angeles. Nesse dia, agentes federais fardados com camuflagens começaram rusgas de grandes dimensões em várias zonas da cidade, sobretudo nas que têm uma maior população hispânica. No chamado “garment district”, uma zona da baixa especializada na venda de roupa, entraram nas lojas à procura de imigrantes para deportarem. Começaram a enfrentar resistência com palavras de ordem e lançamento de ovos e responderam com gás pimenta e balas de borracha. Mais de cem pessoas terão sido presas, segundo Bill Essayli, um procurador do Departamento de Justiça dos EUA.
No sábado, as manifestações alargaram-se da baixa para toda a área da grande Los Angeles. A mesma fonte adiantava que pelo menos mais duas dezenas de pessoas teriam sido detidas nesse dia.
Trump respondeu ameaçando que qualquer manifestação que perturbasse o trabalho das deportações seria considerado “uma forma de rebelião” e anunciou o envio de 2.000 tropas da Guarda Nacional que começaram a chegar a Los Angeles na manhã de domingo.
Ao meio dia, centenas de pessoas concentraram-se em frente ao Centro Metropolitano de Detenção, no centro da cidade, onde se encontram detidas algumas das vítimas destas rusgas. Em frente à Guarda Nacional, gritavam “vergonha” e mandavam-nos “voltar a casa”. Quando alguns dos manifestantes se aproximaram, houve uma carga policial e voltaram a ser disparadas bombas de gás lacrimogéneo. Mais tarde uma auto-estrada foi brevemente cortada.
Na sua decisão de enviar a Guarda Nacional para o terreno, o presidente norte-americano ignorou o governador do Estado na sua decisão, a primeira vez que isto acontece desde 1965. Gavin Newsom considerou, por seu turno, a ordem de Trump “ilegal”, “propositadamente inflamatória” e feita para dar “espetáculo”, garantindo que não faltavam meios para lidar com os protestos. Entregou um pedido formal para a sua retirada.
Karen Bass, a presidente da Câmara de Los Angeles, condenou o uso de violência nos protestos pedindo aos seus concidadãos “não se envolvam em violência e caos. Não deem à administração o que eles querem”. Ao chama “czar da imigração” de Trump, Tom Homan, que tinha deixado no ar a ameaça de a prender, respondeu: “que me prenda”, acrescentando “a mim não me interessa. O que me importa é a minha comunidade”.
Do lado do governo, logo vieram as ameaças da utilização de militares. Pete Hegseth, secretário da Defesa, afirmou que serão colocadas no terreno tropas no ativo “se a violência continuar”, indicando que os marines de Camp Pendleton estavam já em estado de “alto alerta”.
A retórica incendiária vinha também de Trump, que acabou por escrever: “a situação está muito má. Que entrem as tropas!”
Num discurso guerreiro, diz que “uma outrora grande cidade norte-americana, Los Angeles, foi invadida e ocupada por imigrantes ilegais e criminosos. Agora, turbas violentas e insurgentes estão a atacar os nossos agentes federais na tentativa de impedir as nossas operações de deportação. Mas estes tumultos ilegais só fortalecem a nossa determinação. Ordenei à Secretária da Segurança Interna, Kristi Noem, ao Secretário da Defesa, Pete Hegseth, e à Procuradora-Geral, Pam Bondi, em coordenação com todos os departamentos e agências relevantes, que tomassem todas as medidas necessárias para libertar Los Angeles da invasão de migrantes e pôr fim a estes distúrbios. A ordem será restaurada, os imigrantes ilegais serão expulsos e Los Angeles será libertada.”