EUA

Secretário da Defesa partilha detalhes de ataque ao Iémen em grupo familiar

21 de abril 2025 - 11:43

Pete Hegseth criou um grupo no Signal no qual estava a mulher, o irmão e o advogado e nele partilhou pormenores como voos de aviões de combate. Informações que tinham sido também partilhadas noutro grupo no qual foi incluído um jornalista. Num cenário de despedimentos para passar as culpas, ex-colaboradores falam num “caos total”.

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Pete Hegseth
Pete Hegseth. Foto: U.S. Secretary of Defense/Flickr.

Depois da notícia de que altos responsáveis norte-americanos tinham partilhado detalhes secretos de um ataque dos EUA ao Iémen num grupo que incluía um jornalista do The Atlantic, é a vez de ser conhecida nova partilha comprometedora. Desta feita, ficou-se a saber que Pete Hegseth, Secretário da Defesa do governo de Trump, partilhou informação detalhada de futuros ataques ao Iémen num grupo privado doa aplicação de mensagens Signal em que participavam familiares seus.

O caso foi revelado pelo New York Times que cita quatro pessoas com conhecimento do grupo e que adiantam que este incluía a sua mulher, irmão e advogado pessoal. Informação sensível como os horários de voo dos aviões de combate McDonnell Douglas F/A-18 Hornets para os ataques aos Houthi a 15 de março, que também tinha colocado no grupo em estava o jornalista do The Atlantic, foi assim transmitida a pessoas que não têm qualquer relação com o governo como a sua mulher, Jennifer, ex-produtora da Fox News. Já o seu irmão Phil, produtor de podcasts e o seu advogado Tim Parlatore passaram a ter empregos no Pentágono, apesar de não haver nenhuma razão conhecida para terem acesso a este tipo de informação.

O grupo, chamado “Defense | Team Huddle”, foi criado pelo próprio Hegseth e, de acordo com o New York Times, incluía “uma dezena de outras pessoas do seu círculo pessoal e profissional, sendo usado o seu telefone privado e não o do governo para lhe aceder. O grupo em que tinha sido colocado Jeffrey Goldberg da revista The Atlantic tinha sido criado por Mike Waltz, conselheiro nacional de segurança da administração Trump.

Hegseth já estava a ser amplamente contestado antes desta notícia. No site Politico, o ex-porta-voz do Pentágono, John Ullyot, que se demitiu a semana passada, descreve “um mês de caos total” no Departamento de Defesa dos EUA: “desde fugas de planos operacionais sensíveis a despedimentos em massa, a disfuncionalidade é agora uma distração maior para o presidente”. Este apoiante de Trump indica um “quase colapso dentro das altas patentes do Pentágono” e diz que Hegseth estava a tentar passar a culpa das fugas de informação para três dos seus “mais leais membros seniores do gabinete”.

Para além disso, é contestado o facto de ter levado a mulher a reuniões onde seria partilhada informação reservada, nomeadamente uma com responsáveis militares do Reino Unido e outra do Grupo de Contacto sobre a Defesa da Ucrânia no quartel-general da Nato. Terá ainda de responder em tribunal depois de uma dezena de estudantes de escolas geridas pelo Departamento de Defesa o terem processado por ter banido das bibliotecas destas instituições livros sobre raça e género.

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