A Teva é a maior farmacêutica israelita e, por valor de mercado, a maior empresa israelita. Especializou-se em medicamentos genéricos e nessa área em particular é um dos maiores distribuidores em todo o mundo. Em 2024, faturou 16,4 mil milhões de dólares e em 2023 pagou 565 milhões de dólares em impostos aos estado israelita. É, por isso, um dos principais financiadores do genocídio em Gaza e está na lista do BDS.
A Teva tem um longo passado de corrupção, com múltiplos processos em que foi condenada, em todo o mundo. Em 2016, foi multada em 519 milhões de dólares por subornos pagos para aumentar as vendas de Copaxone nos Estados Unidos, um medicamento contra a esclerose múltipla. Em 2024, volta a ser condenada pelo mesmo motivo, a pagar 450 milhões de dólares. Em 2022, os norte-americanos condenaram a Teva por promover medicamento opióides fora da indicação, tendo sido considerada uma das responsáveis pela epidemia letal de consumo de opióides. Pagou 4,250 milhões de euros. A própria União Europeia condenou a Teva em 2024 a pagar 463 milhões de euros por abusos de posição dominante de mercado. Só entre 2010 e 2024, a Teva pagou 9 mil milhões de dólares em multas por corrupção, por todo o mundo.
Mas a corrupção e a ligação íntima ao estado genocida, são apenas parte desta história...
Josef Mengele – o retorno
Em Julho de 1997, um jornal israelita, o Yedioth Ahronoth, noticiava a denúncia de Dalia Itzik, que numa comissão parlamentar, admitiu que o ministro da saúde israelita teria dado autorização a várias farmacêuticas para testarem os seus medicamentos novos em prisioneiros palestinianos. Àquela data teriam sido feitos cerca de 5000 testes nessas condições.
Já em 2019, uma professora universitária israelita, Nadera Shalhoub-Kevorkian, numa conferência em Nova Iorque, confirmava que estes testes continuavam a acontecer, afirmando mesmo que “os territórios palestinianos são autênticos laboratórios”.
Várias ONG internacionais têm alertado para estas práticas e as autoridades israelitas recusam-se frequentemente a devolver os corpos de presos palestinianos às suas famílias. Em 2019, os israelitas recusaram-se a devolver o corpo de Fares Baround, que morreu numa prisão israelita, após vários episódios de doença mal explicados. Os israelitas também se negaram a fazer autópsia e a apresentar uma causa de morte oficial.
O embaixador palestiniano nas Nações Unidas Riyad Mansour afirmou que os corpos dos prisioneiros palestinianos muitas vezes eram devolvidos sem córneas ou outros órgãos, levantando a suspeita de que Israel colhe órgãos para transplantação destes prisioneiros. Várias outras organizações já alertaram também para este problema.
Sendo a maior farmacêutica israelita, torna-se improvável que a Teva e os seus medicamentos não tenham sido “beneficiados” por estas práticas que são próprias dos períodos mais obscuros da história da humanidade, e fazem mesmo lembrar as experiências de Josef Mengele, nos campos de concentração nazis.
Boicotar a Teva? Claro, mas não chega. Os horrores vividos pelos palestinianos nas cadeias israelitas durante mais de quatro décadas devem ser documentados e o estado israelita deve ser julgado e condenado, também por isso.
Boicotar a Teva
Excetuando os poucos medicamentos em que detém a patente, grande parte do lucro da Teva é com genéricos e é, por isso, fácil boicotar a empresa, uma vez que abundam as alternativas. Em Portugal, a Teva atribui todos os anos os prémios “humanizar a saúde” em que distingue vários profissionais em diferentes áreas. Parece incrível que a mesma empresa que participa em atos hediondos noutra parte do mundo, fale em “humanizar a saúde”, mas é mesmo assim que funciona o negócio!
Portanto, sobretudo para médicos preocupados com o genocídio em Gaza: boicotemos os genéricos da Teva e recusemos prémios de quem participa no terror em Gaza.