O Tribunal Superior Especial da Grécia cancelou esta terça-feira a eleição de três deputados do Partido dos Espartanos, uma formação política de extrema-direita, por considerar que houve fraude na sua eleição.
Vasilis Stigas, o suposto chefe do partido, e os deputados Petros Dimitriadis e Alexandros Zerveas perderão o lugar, pois foi descoberto que o verdadeiro dirigente deste partido seria afinal Ilias Kasidiaris, ex-líder do partido neo-nazi Aurora Dourada e que está atualmente preso depois de ter sido condenado a 13 anos e meio por chefiar uma organização criminosa violenta que se dedicava a atacar adversários políticos e imigrantes.
De acordo com a lei grega, um partido não pode concorrer a eleições, esclarece a Reuters, se o seu “verdadeiro líder”, e não apenas os seus representantes oficiais, tiverem sido condenados por crimes deste tipo.
Na sentença pode ler-se que “o caso do engano dos eleitores pelo boletim de voto de um partido político com líder oculto diz respeito a todo o país e, em particular, aos círculos eleitorais em que foram eleitos deputados do partido político em causa”.
Assim, o parlamento passará até ao fim da legislatura a funcionar com 297 deputados em vez dos 300, dado que o crime em causa não dá lugar a nenhuma redistribuição ou substituição. A maioria no parlamento passa a ser de 149 deputados, um patamar mais seguro dado que o atual governo de direita é apoiado de momento por 155 votos.
O caso foi lançado por três cidadãos que tinham recorrido da eleição de junho de 2023 em que este partido obteve 4,68% dos votos e elegeu 12 deputados. Só agora chegou a sentença mas anteriormente tinha havido outro que, em maio passado, tinha absolvido onze membros do mesmo partido da mesma acusação, considerando que as provas de fraude eleitoral eram insuficientes.
O partido, fundado em 2017, era praticamente desconhecido até que Kasidiaris comunicou que o apoiava “totalmente” na sequência de um outro partido que fundara, os Helenos, ter sido proibido de ir a eleições. Dez das caras deste último, incluindo um dos advogados de Kasidiaris, passaram a fazer parte das listas dos “Espartanos”.
Muitos dos militantes deste partido tinham estado ligados aos projetos políticos em que o dirigente da Aurora Dourada participou e ele é visto de forma geral como uma continuação destes. O seu grupo parlamentar encontrava-se em guerra interna com vários deputados expulsos e, pelas mesmas razões que agora levaram à perda de mandatos, o partido tinha sido proibido de participar nas últimas eleições europeias.